Jornal Médico - USF Vale do Sorraia: muita calma… e confiança no projecto

Com 31 profissionais e uma popula&ccedil;&atilde;o inscrita de 20.150 utentes, a USF Vale do Sorraia &eacute; a segunda maior do pa&iacute;s e, provavelmente, a primeira no que se refere &agrave; extens&atilde;o do territ&oacute;rio que abrange Com 31 profissionais e uma popula&ccedil;&atilde;o inscrita de 20.150 utentes, a USF Vale do Sorraia &eacute; a segunda maior do pa&iacute;s e, provavelmente, a primeira no que se refere &agrave; extens&atilde;o do territ&oacute;rio que abrange. O grupo tem origem num RRE. Essa experi&ecirc;ncia revela-se na forma calma e confiante com que os profissionais encaram o projecto da USF e a aten&ccedil;&atilde;o com que analisam as necessidades da comunidade em que a USF se insere. Os grupos de risco constituem uma das suas prioridades, a par do aumento da acessibilidade que se traduz, entre outras iniciativas, na organiza&ccedil;&atilde;o de uma consulta aberta de segunda-feira a s&aacute;bado A USF Vale do Sorraia nasceu na sequ&ecirc;ncia de duas experi&ecirc;ncias bem sucedidas do Regime Remunerat&oacute;rio Experimental (RRE), iniciadas em Mar&ccedil;o de 2000. Oito m&eacute;dicos, oito enfermeiros e seis administrativos do Centro de Sa&uacute;de de Coruche, por um lado, e dois m&eacute;dicos, dois enfermeiros e dois administrativos da Extens&atilde;o de Sa&uacute;de do Cou&ccedil;o, por outro, "decidiram implementar um trabalho em equipa com a co-responsabiliza&ccedil;&atilde;o de todos os profissionais envolvidos e a avalia&ccedil;&atilde;o do trabalho efectuado", recorda o coordenador da USF, Carlos Ceia. No momento da sua organiza&ccedil;&atilde;o em unidade de sa&uacute;de familiar, o grupo recebeu mais um profissional de cada &aacute;rea, de modo a poder estabelecer, para todos os utentes, a uniformidade de funcionamento. Desta forma, o grupo cresceu para 11 m&eacute;dicos, 11 enfermeiros e nove secret&aacute;rios cl&iacute;nicos, "a maioria dos quais j&aacute; trabalhava em equipa, com normas, orienta&ccedil;&otilde;es, mecanismos de articula&ccedil;&atilde;o e intersubstitui&ccedil;&atilde;o bem definidos". Inicialmente, chegou a pensar-se na forma&ccedil;&atilde;o de duas unidades de sa&uacute;de familiar, dado o n&uacute;mero de profissionais (31) e de utentes envolvido (20.150). No entanto, "isso criou, naquele momento, alguma competitividade que, apesar de ser cordial, se sentia n&atilde;o ser a ideal", diz Carlos Ceia. Entretanto, "com a reflex&atilde;o de ambos os grupos, chegou-se &agrave; conclus&atilde;o de que, para um melhor funcionamento e intersubstitui&ccedil;&atilde;o - que fosse ao encontro de uma maior satisfa&ccedil;&atilde;o dos utentes - o ideal seria formar apenas uma unidade de sa&uacute;de familiar, e assim terminou por acontecer". De acordo com o respons&aacute;vel da USF, aquele "foi um per&iacute;odo atribulado, com muitas reuni&otilde;es e esquemas de funcionamento que, no final, veio fortalecer o entrosamento da actual equipa". Organiza&ccedil;&atilde;o segundo a filosofia do enfermeiro de fam&iacute;lia Do RRE, a equipa manteve muita da actual filosofia de organiza&ccedil;&atilde;o do trabalho. Nomeadamente, o conceito de enfermeiro de fam&iacute;lia. Entre as vantagens deste modelo, a enfermeira coordenadora do sector, Cristina Gomes, destaca "o conhecimento aprofundado dos utentes e das fam&iacute;lias por parte dos enfermeiros" que, por sua vez, s&atilde;o reconhecidos de imediato pelos cidad&atilde;os como o enfermeiro de refer&ecirc;ncia dentro e fora da USF. A "continuidade de cuidados", "responsabiliza&ccedil;&atilde;o do enfermeiro pela vigil&acirc;ncia de alguns indicadores de sa&uacute;de do utente", bem como a "preven&ccedil;&atilde;o da doen&ccedil;a", s&atilde;o outros tantos aspectos referidos por aquela respons&aacute;vel. Tendo em conta a exist&ecirc;ncia no centro de sa&uacute;de de enfermeiros especialistas em Sa&uacute;de na Comunidade, que n&atilde;o fazem parte da USF, os projectos desenvolvidos junto dos estabelecimentos de ensino e em lares de idosos &eacute; da sua compet&ecirc;ncia. Existe, contudo, alguma interliga&ccedil;&atilde;o com os enfermeiros de fam&iacute;lia e, desde Outubro de 2008, a USF participa num programa de r&aacute;dio semanal, com a dura&ccedil;&atilde;o de 15 minutos, em que s&atilde;o abordados temas relacionados com a sa&uacute;de, dirigido &agrave; popula&ccedil;&atilde;o em geral. O sector de enfermagem da USF participa ainda em sess&otilde;es de educa&ccedil;&atilde;o para a sa&uacute;de destinadas &agrave; comunidade, "quer de iniciativa pr&oacute;pria, quer quando solicitados, conjuntamente com o sector m&eacute;dico da USF, nomeadamente atrav&eacute;s da realiza&ccedil;&atilde;o de palestras, em colabora&ccedil;&atilde;o com institui&ccedil;&otilde;es locais". Resposta &agrave;s necessidades dos grupos mais vulner&aacute;veis Das diversas actividades realizadas pela unidade de sa&uacute;de familiar destaca-se a consulta de cessa&ccedil;&atilde;o tab&aacute;gica, curso de prepara&ccedil;&atilde;o para a maternidade e a consulta do p&eacute; diab&eacute;tico. De acordo com o respons&aacute;vel da USF, est&aacute; ainda perspectivada a cria&ccedil;&atilde;o de uma consulta espec&iacute;fica para o adolescente e, eventualmente, uma consulta de anticoagula&ccedil;&atilde;o oral. "Penso que as carteiras que oferecemos e as que pretendemos desenvolver respondem, em grande parte, &agrave;s necessidades da popula&ccedil;&atilde;o", diz Carlos Ceia. "O curso de prepara&ccedil;&atilde;o para a maternidade e a consulta do p&eacute; diab&eacute;tico t&ecirc;m tido uma grande aceita&ccedil;&atilde;o e aflu&ecirc;ncia por parte da popula&ccedil;&atilde;o, com taxas de cobertura e resultados muito bons". O mesmo sucede com a implementa&ccedil;&atilde;o da visita&ccedil;&atilde;o domicili&aacute;ria de enfermagem &agrave; pu&eacute;rpera e ao rec&eacute;m-nascido nos primeiros quinze dias de vida. Quanto &agrave; consulta de cessa&ccedil;&atilde;o tab&aacute;gica, "o seu in&iacute;cio recente n&atilde;o permite ainda avaliar os resultados com rigor". No que se refere aos cuidados dirigidos aos grupos de risco, " foram criados tempos espec&iacute;ficos para todos os m&eacute;dicos e enfermeiros, destinados &agrave; vigil&acirc;ncia de diab&eacute;ticos e hipertensos, por exemplo, que n&atilde;o s&atilde;o contabilizados em termos das consultas de sa&uacute;de de adultos". Carlos Ceia explica que a USF tem ainda a preocupa&ccedil;&atilde;o de organizar, regularmente, "sess&otilde;es de educa&ccedil;&atilde;o para a sa&uacute;de destinadas a todos estes grupos, quer a n&iacute;vel local, quer atrav&eacute;s de um programa semanal de r&aacute;dio". Internos s&atilde;o uma mais-valia para a USF A USF conta actualmente com tr&ecirc;s orientadores de forma&ccedil;&atilde;o e cinco internos do Internato Complementar de Medicina Geral e Familiar (ICMGF). A equipa colabora ainda com a Escola Superior de Enfermagem de Santar&eacute;m na realiza&ccedil;&atilde;o de est&aacute;gios no &acirc;mbito da licenciatura de enfermagem. Na opini&atilde;o de Carlos Ceia, os internos representam um est&iacute;mulo para os profissionais. Da mesma maneira, "para qualquer interno &eacute; uma mais-valia trabalhar num modelo de organiza&ccedil;&atilde;o com gest&atilde;o pr&oacute;pria, em co-responsabiliza&ccedil;&atilde;o, onde a acessibilidade n&atilde;o &eacute; impeditiva de uma melhor qualidade t&eacute;cnico-cient&iacute;fica e em que a satisfa&ccedil;&atilde;o de profissionais e utentes, bem como o desenvolvimento profissional cont&iacute;nuo, s&atilde;o valores de refer&ecirc;ncia".

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