Jornal Médico - Médico de família parte para o Haiti

A Associa&ccedil;&atilde;o Sa&uacute;de em Portugu&ecirc;s acaba de refor&ccedil;ar a sua presen&ccedil;a no Haiti com um m&eacute;dico e um enfermeiro, duas semanas depois de ter enviado uma primeira equipa para o pa&iacute;s, devastado por um sismo a 12 de Janeiro. Ricardo Gabriel, m&eacute;dico no Centro de Sa&uacute;de de Celas e M&aacute;rcio Silva, enfermeiro no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia, partiram de Lisboa, no passado dia 9 A Associa&ccedil;&atilde;o Sa&uacute;de em Portugu&ecirc;s acaba de refor&ccedil;ar a sua presen&ccedil;a no Haiti com um m&eacute;dico e um enfermeiro, duas semanas depois de ter enviado uma primeira equipa para o pa&iacute;s, devastado por um sismo a 12 de Janeiro. Ricardo Gabriel, m&eacute;dico no Centro de Sa&uacute;de de Celas e M&aacute;rcio Silva, enfermeiro no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia, partiram de Lisboa, no passado dia 9, levando alguns bens referenciados como necess&aacute;rios pelos profissionais j&aacute; no terreno: 800 embalagens com medicamentos, aparelhos de glicemia e respectivas tiras, testes diagn&oacute;sticos de infec&ccedil;&atilde;o urin&aacute;ria, entre outros&hellip; H&aacute; um vaiv&eacute;m de pessoas apressadas, que arrastam malas pesadas, h&aacute; despedidas feitas de abra&ccedil;os e sorrisos, telem&oacute;veis que tocam aqui e ali e um burburinho constante de conversas&hellip; &Eacute; mais um dia, entre tantos outros no aeroporto da Portela, em Lisboa. Para Ricardo Gabriel &eacute; a manh&atilde; em que abra&ccedil;a um desafio sem precedentes na sua curta carreira de m&eacute;dico de fam&iacute;lia (MF): est&aacute; a poucos minutos de partir, na companhia de um enfermeiro &ndash; M&aacute;rcio Silva, do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia &ndash; para o Haiti, pa&iacute;s assolado em meados de Janeiro por um violento terramoto, que provocou milhares de v&iacute;timas mortais e deixou praticamente toda a popula&ccedil;&atilde;o sem os mais essenciais bens e recursos de sobreviv&ecirc;ncia. Estes dois profissionais de sa&uacute;de portugueses v&atilde;o juntar-se &agrave; equipa j&aacute; enviada, a 25 de Janeiro, pela Associa&ccedil;&atilde;o Sa&uacute;de em Portugu&ecirc;s (ASP), composta pelo m&eacute;dico coordenador Ricardo Marquez e pela enfermeira Marta Nunes (que regressa agora a Portugal). Um refor&ccedil;o na ajuda humanit&aacute;ria &agrave;s v&iacute;timas do sismo que devastou o pequeno Estado das Cara&iacute;bas, &ldquo;apenas possibilitado pela enorme solidariedade da sociedade civil portuguesa, que contribuiu com 13 mil euros, o que permitiu colocar no Haiti, em m&ecirc;s e meio, cinco m&eacute;dicos e enfermeiros&rdquo;, salientou o presidente da ASP, Hern&acirc;ni Cani&ccedil;o. Os fundos angariados permitem, igualmente, transportar alguns bens, referenciados como essenciais pela equipa j&aacute; no terreno: 800 embalagens de medicamentos (antibi&oacute;ticos, anti-inflamat&oacute;rios e analg&eacute;sicos), aparelhos de glicemia e respectivas tiras, testes diagn&oacute;sticos de infec&ccedil;&atilde;o urin&aacute;ria, entre outros. A este respeito, o respons&aacute;vel pela associa&ccedil;&atilde;o de Coimbra &ndash; que tamb&eacute;m teve um papel activo na assist&ecirc;ncia &agrave;s v&iacute;timas do tsunami na &Aacute;sia, com uma miss&atilde;o no Sri Lanka &ndash; lamentou, em declara&ccedil;&otilde;es &agrave; ag&ecirc;ncia Lusa: &ldquo;o Estado portugu&ecirc;s ignorou-nos completamente, a todos os n&iacute;veis&rdquo;. Como tal, a ASP tem vindo a angariar fundos atrav&eacute;s de ac&ccedil;&otilde;es de solidariedade &ndash; como um concerto que juntou, em Coimbra, Vitorino e Brigada V&iacute;tor Jara, entre outros artistas &ndash; e de uma conta banc&aacute;ria na CGD. Mais informa&ccedil;&otilde;es sobre o trabalho da ASP est&atilde;o dispon&iacute;veis em www.solidariedadesemfronteiras.blogspot.com. Bagagem solid&aacute;ria Ricardo Gabriel &eacute; m&eacute;dico do Centro de Sa&uacute;de (CS) de Celas e esta &eacute; a primeira vez que vive uma experi&ecirc;ncia de ajuda humanit&aacute;ria em contexto de cat&aacute;strofe natural. &ldquo;J&aacute; fiz um voluntariado na &Iacute;ndia, num contexto de cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios (CSP) mais prec&aacute;rios, mas numa situa&ccedil;&atilde;o mais estabilizada&rdquo;, adiantou ao M&eacute;dico de Fam&iacute;lia. J&aacute; em Madrid, &agrave; espera do voo de liga&ccedil;&atilde;o com a Rep&uacute;blica Dominicana (onde apanharia posteriormente um voo das Na&ccedil;&otilde;es Unidas, especialmente para apoio humanit&aacute;rio, at&eacute; Port au Prince), o jovem MF conversou com o nosso jornal, partilhando algumas das suas expectativas face ao cen&aacute;rio que iria encontrar no Haiti. &ldquo;N&atilde;o escondo algum receio&hellip; do desconhecido, sobretudo. J&aacute; fiz mil e um cen&aacute;rios poss&iacute;veis na minha cabe&ccedil;a, mas nenhum ser&aacute; certamente parecido com aquilo que irei encontrar. No entanto, tenho a sorte de ter &agrave; minha espera uma equipa da ASP que j&aacute; abriu caminho e est&aacute; no terreno h&aacute; mais de duas semanas&rdquo;, explicou Ricardo Gabriel. Nos 30 dias que passar&aacute; em Port au Prince &ndash; mais precisamente no campo de desalojados da Escola T&eacute;cnica, junto ao Pal&aacute;cio Presidencial, onde estar&atilde;o cerca de 20 mil pessoas &ndash; o cl&iacute;nico vai fazer uma prospec&ccedil;&atilde;o do que poder&aacute; ser o trabalho de um MF em situa&ccedil;&atilde;o de cat&aacute;strofe. &ldquo;Para al&eacute;m de assegurar os cuidados m&eacute;dicos b&aacute;sicos, vai ser interessante avaliar os desarranjos familiares, resultantes da cat&aacute;strofe e poder trabalhar nessa &aacute;rea. Gostaria ainda, numa fase posterior, de desenvolver projectos na &aacute;rea da educa&ccedil;&atilde;o para a sa&uacute;de&rdquo;, adiantou o m&eacute;dico de Coimbra, em declara&ccedil;&otilde;es exclusivas ao M&eacute;dico de Fam&iacute;lia. Quanto ao cumprimento dos objectivos da ASP no terreno &ndash; cuidados m&eacute;dicos b&aacute;sicos e apoio &agrave; popula&ccedil;&atilde;o durante o maior tempo poss&iacute;vel &ndash;, &ldquo;tudo depender&aacute; dos fundos financeiros dispon&iacute;veis&rdquo;, sublinhou o MF, acrescentando que tamb&eacute;m &eacute; intuito da associa&ccedil;&atilde;o &ldquo;tentar criar la&ccedil;os com ONG locais e internacionais, para prolongar o trabalho da ASP no Haiti ao longo do tempo, com a cria&ccedil;&atilde;o de uma rede de CSP t&atilde;o necess&aacute;ria ou, quem sabe, a constru&ccedil;&atilde;o de um CS&rdquo;. A miss&atilde;o volunt&aacute;ria de Ricardo Gabriel no Haiti pode ser acompanhada atrav&eacute;s dos relatos do pr&oacute;prio, no blog www.haitirevisitado.blogspot.com.

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