Jornal Médico - USF de Coimbra testa nova tecnologia

A USF Cela Sa&uacute;de, em Coimbra dever&aacute; iniciar, j&aacute; em Mar&ccedil;o, testes para a utiliza&ccedil;&atilde;o de um sistema de monitoriza&ccedil;&atilde;o &agrave; dist&acirc;ncia de doentes. Trata-se do Look4MyHealth Clinic e foi desenvolvido pela empresa ISA Intellicare, rec&eacute;m-formada spin-off da Intelligent Sensing Anywhere. A Unidade de Sa&uacute;de Familiar Cela Sa&uacute;de, do Centro de Sa&uacute;de de Celas, em Coimbra dever&aacute; come&ccedil;ar a testar, j&aacute; em Mar&ccedil;o, testes para a utiliza&ccedil;&atilde;o de um sistema de monitoriza&ccedil;&atilde;o &agrave; dist&acirc;ncia de doentes. O sistema em causa, denominado de Look4MyHealth Clinic, foi desenvolvido pela empresa ISA Intellicare, rec&eacute;m-formada spin-off da Intelligent Sensing Anywhere. Trata-se de uma tecnologia de vanguarda, desconhecida at&eacute; agora nos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios portugueses. Caso vingue, a nova ferramenta poder&aacute; contribuir para uma vigil&acirc;ncia certeira e economicamente vi&aacute;vel de doentes com dificuldades acrescidas de movimento Est&aacute; prestes a ser testado na Unidade de Sa&uacute;de Familiar (USF) Cela Sa&uacute;de e chama-se Look4MyHealth Clinic. A aplica&ccedil;&atilde;o a experimentar naquele servi&ccedil;o de sa&uacute;de coimbr&atilde;o permite que os pacientes efectuem medi&ccedil;&otilde;es fundamentais no domic&iacute;lio, com o envio posterior de todas as informa&ccedil;&otilde;es para a sua equipa de sa&uacute;de. Na realidade, o sistema procede &agrave; medi&ccedil;&atilde;o de par&acirc;metros como tens&atilde;o arterial, frequ&ecirc;ncia card&iacute;aca, ciclos respirat&oacute;rios, temperatura, entre outros, sem necessidade do utente se deslocar ao servi&ccedil;o de sa&uacute;de com a regularidade habitual. As medi&ccedil;&otilde;es s&atilde;o feitas de acordo com as necessidades de cada doente (v&aacute;rias vezes ao dia, ou &agrave; semana, por exemplo) e processadas localmente por um m&oacute;dulo de aquisi&ccedil;&atilde;o de dados. Depois, a informa&ccedil;&atilde;o &eacute; enviada para a unidade de sa&uacute;de via internet, com a possibilidade de a transmiss&atilde;o ocorrer em tempo real ou quando situa&ccedil;&otilde;es de alarme s&atilde;o detectadas (de acordo com par&acirc;metros previamente definidos). Os profissionais de sa&uacute;de acedem &agrave; informa&ccedil;&atilde;o no seu computador, atrav&eacute;s de um portal electr&oacute;nico. Caso sejam detectadas evolu&ccedil;&otilde;es do estado de sa&uacute;de do doente que exijam interven&ccedil;&atilde;o, o pr&oacute;prio sistema pode criar sinais de alerta, de modo a sinalizar, sem equ&iacute;vocos, os doentes que necessitam de interven&ccedil;&atilde;o imediata. Para al&eacute;m de n&iacute;tidos ganhos ao n&iacute;vel do conforto, esta solu&ccedil;&atilde;o poder&aacute; ajudar a diminuir a press&atilde;o di&aacute;ria sobre os estabelecimentos de sa&uacute;de e poupar recursos (quer humanos, quer financeiros), com particular relev&acirc;ncia para as despesas de transportes e para as visitas domicili&aacute;rias. Fonte da ISA Intellicare j&aacute; revelou &agrave; Ag&ecirc;ncia Lusa que a companhia pretende reunir um grupo piloto acima das 100 unidades prestadoras de cuidados, para "efectivamente promover a redu&ccedil;&atilde;o dos encargos da Sa&uacute;de em Portugal". A mesma fonte adiantou que v&aacute;rios membros do governo e in&uacute;meros profissionais de sa&uacute;de t&ecirc;m manifestado grande interesse na aplica&ccedil;&atilde;o inform&aacute;tica, acrescentando ainda que as poupan&ccedil;as obtidas com a implementa&ccedil;&atilde;o do sistema podem ascender a 20 milh&otilde;es de euros por ano, uma vez atingido um n&uacute;mero razo&aacute;vel de centros de sa&uacute;de aderentes. Cinco doentes v&atilde;o testar benef&iacute;cios No futuro, se o desenvolvimento desta ferramenta for bem sucedido, os seus promotores esperam export&aacute;-la para mercados internacionais. Mas, por enquanto, aguarda-se, sobretudo, pelos resultados da fase de testes na USF Cela Sa&uacute;de, a fim de aferir o sucesso nacional da aplica&ccedil;&atilde;o. O protocolo para a realiza&ccedil;&atilde;o de ensaios j&aacute; est&aacute; assinado e de acordo com a coordenadora daquela USF, Em&iacute;lia Nina, &eacute; necess&aacute;rio observar com aten&ccedil;&atilde;o o que se ir&aacute; passar e fazer uma avalia&ccedil;&atilde;o rigorosa dos proveitos trazidos pela nova tecnologia. &Agrave; partida, parecem existir m&eacute;ritos ineg&aacute;veis na mesma: "determinados utentes, pelas suas condi&ccedil;&otilde;es f&iacute;sicas e psicol&oacute;gicas, apresentam grandes dificuldades no acesso aos cuidados de sa&uacute;de. Nestes casos, poderemos com esta tecnologia monitorizar doen&ccedil;as cr&oacute;nicas, atrav&eacute;s da instala&ccedil;&atilde;o na casa dos doentes de aparelhos que nos permitem fazer medi&ccedil;&atilde;o de par&acirc;metros vitais. Se estivermos perante, por exemplo, um doente hipertenso e verificarmos por via do sistema que ele apresenta picos hipertensivos, podemos actuar antecipadamente". Para a fase de testes, a USF Cela Sa&uacute;de criou uma equipa multidisciplinar (constitu&iacute;da por um m&eacute;dico, um enfermeiro e um administrativo), que ser&aacute; respons&aacute;vel pela monitoriza&ccedil;&atilde;o dos cinco doentes seleccionados para um acompanhamento experimental. No in&iacute;cio, os candidatos escolhidos ter&atilde;o de possuir internet no domic&iacute;lio, para a transmiss&atilde;o de dados. Todavia, este &eacute; um requisito que, segundo Em&iacute;lia Nina, pode ser contornado: "uma vez que a maioria dos nossos utentes idosos n&atilde;o possui acesso &agrave; internet em casa, estamos a estudar a hip&oacute;tese dos dados serem enviados por interm&eacute;dio de telefone". A coordenadora refor&ccedil;a que esta &eacute; apenas uma etapa experimental, durante a qual &eacute; importante gerir o processo em conformidade com a evolu&ccedil;&atilde;o da pr&oacute;pria tecnologia e dos seus ganhos: "faremos reuni&otilde;es periodicamente, para dar conta de como progride o projecto. Se vier a comprovar-se o interesse, ent&atilde;o teremos de passar &agrave; aplicabilidade pr&aacute;tica do sistema, em doentes eleitos como preferenciais. Esta tecnologia n&atilde;o pode abarcar toda a popula&ccedil;&atilde;o, o que significa que ser&atilde;o adoptados crit&eacute;rios espec&iacute;ficos para integrar os utentes no projecto". A equipa da Cela Sa&uacute;de espera, tamb&eacute;m, para ver se o uso deste sistema ter&aacute; consequ&ecirc;ncias ben&eacute;ficas ao n&iacute;vel financeiro, nomeadamente pela redu&ccedil;&atilde;o de desloca&ccedil;&otilde;es ao domic&iacute;lio. "Pensamos que assim ser&aacute;, mas s&oacute; a fase experimental do projecto nos trar&aacute; certezas", acrescenta Em&iacute;lia Nina. Equipa continua &agrave; espera do equipamento Na USF Cela Sa&uacute;de, inaugurada no final de 2009, existe um grande "esp&iacute;rito de perten&ccedil;a" e os profissionais "identificam-se perfeitamente" com o projecto da unidade de sa&uacute;de, apesar do pouco tempo decorrido e das dificuldades registadas ao n&iacute;vel de instala&ccedil;&otilde;es e de equipamentos. A equipa ocupa os dois pisos do Bloco A do Centro de Sa&uacute;de de Celas, um edif&iacute;cio muito antigo, destinado inicialmente a ser uma cl&iacute;nica. As divis&otilde;es s&atilde;o pequenas e a seguran&ccedil;a deixa muito a desejar. Na altura em que o im&oacute;vel foi constru&iacute;do, n&atilde;o se dava tanta &ecirc;nfase a essas quest&otilde;es, explica a coordenadora, Em&iacute;lia Fonseca Nina, sobretudo preocupada com os acessos, demasiado ex&iacute;guos e que, em caso de emerg&ecirc;ncia, podem constituir um problema. Dificuldades n&atilde;o impediram a equipa de avan&ccedil;ar O velho edif&iacute;cio ressente-se. E, por isso, enquanto a equipa trabalha, todos os dias h&aacute; algo a necessitar de arranjo: ora surgem infiltra&ccedil;&otilde;es de &aacute;gua no tecto, ora &eacute; uma porta que fica danificada, um cano que rebenta, o quadro el&eacute;ctrico que vai abaixo quando se liga o aquecimento... Mas, apesar dos constrangimentos inerentes &agrave;s instala&ccedil;&otilde;es, a equipa decidiu avan&ccedil;ar. "J&aacute; est&aacute;vamos h&aacute; demasiado tempo &agrave; espera e o que nos importava sobretudo era trabalhar de acordo com um novo modelo organizacional", explica a m&eacute;dica. Falta agora chegar o resto do material. Nomeadamente, m&eacute;dico, inform&aacute;tico e a instala&ccedil;&atilde;o da central telef&oacute;nica. Regresso aos "tempos antigos"...de entreajuda e solidariedade Desde h&aacute; cerca de um ano que existe o projecto de transferir as unidades funcionais do CS de Celas para as instala&ccedil;&otilde;es das consultas externas do Hospital Pedi&aacute;trico de Coimbra. Com essa perspectiva em mente, e apesar do processo se atrasar, nem se justifica uma interven&ccedil;&atilde;o profunda no velho edif&iacute;cio. Por esse motivo, apesar de algumas inova&ccedil;&otilde;es introduzidas em termos do melhoramento do espa&ccedil;o, a energia da equipa &eacute; dirigida para os aspectos de organiza&ccedil;&atilde;o da USF. "Como equipa que somos, trabalhamos em conjunto para ultrapassar os obst&aacute;culos. Estes s&atilde;o, normalmente, de natureza externa, mas at&eacute; parece que volt&aacute;mos aos tempos antigos de entreajuda e solidariedade entre todos e &eacute; dessa forma que as coisas andam para a frente...".

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