Jornal Médico - Margarida França: “É complicado encontrar financiamento para investigação sobre Qualidade em Saúde”

Recentemente eleita para a presid&ecirc;ncia da Sociedade Portuguesa para a Qualidade na Sa&uacute;de, Margarida Fran&ccedil;a acredita que a nova organiza&ccedil;&atilde;o ter&aacute; uma palavra importante a dizer no estudo e fomento de actividades centradas na melhoria da qualidade em estabelecimentos de sa&uacute;de Recentemente eleita para a presid&ecirc;ncia da Sociedade Portuguesa para a Qualidade na Sa&uacute;de (SPQS), Margarida Fran&ccedil;a acredita que a nova organiza&ccedil;&atilde;o ter&aacute; uma palavra importante a dizer no &acirc;mbito para o qual foi criada: o estudo e fomento de actividades centradas na melhoria da qualidade em estabelecimentos de sa&uacute;de. Na entrevista que concedeu ao M&eacute;dico de Fam&iacute;lia, a antiga directora do Instituto da Qualidade em Sa&uacute;de explica como a sociedade - fundada no in&iacute;cio de 2010 - se pretende afirmar pela positiva no panorama nacional, com a participa&ccedil;&atilde;o de gestores, administradores hospitalares, m&eacute;dicos e restantes profissionais do sector. O apoio &agrave; investiga&ccedil;&atilde;o nacional figura, tamb&eacute;m, nos objectivos de curto prazo M&eacute;dico de Fam&iacute;lia - O surgimento da SPQS foi precedido da cria&ccedil;&atilde;o do Departamento da Qualidade, dentro da DGS... &Eacute; um sinal de que se retomam as preocupa&ccedil;&otilde;es com as mat&eacute;rias da qualidade, ap&oacute;s o encerramento do IQS? Aconteceu esta coincid&ecirc;ncia temporal e o momento para a funda&ccedil;&atilde;o da SPQS resulta de uma oportunidade feliz, apenas isso. No passado, eu e o Dr. Lu&iacute;s Pisco convers&aacute;mos muito sobre a necessidade de dar forma a uma sociedade cient&iacute;fica portuguesa neste dom&iacute;nio. At&eacute; para que existisse, no nosso pa&iacute;s, uma entidade capaz de comunicar com cong&eacute;neres de outras na&ccedil;&otilde;es, organiza&ccedil;&otilde;es centradas nos assuntos da qualidade. Queremos muito entrar nessa rede internacional de investiga&ccedil;&atilde;o e desenvolvimento da qualidade em Sa&uacute;de. A ideia original (que remontava a 2000 ou 2001), acabou por ressurgir no &uacute;ltimo Ver&atilde;o e come&ccedil;&aacute;mos a trabalh&aacute;-la com afinco. A sociedade deseja fazer o seu primeiro congresso j&aacute; este ano, em Novembro. Mas n&atilde;o fecha a porta a participa&ccedil;&otilde;es em eventos de terceiros, quando o tema em quest&atilde;o for a qualidade? De modo nenhum. Estamos abertos a todos os convites e parcerias com organiza&ccedil;&otilde;es que desejem connosco trabalhar. A Associa&ccedil;&atilde;o Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar, por exemplo, j&aacute; nos contactou no sentido de juntarmos esfor&ccedil;os para concretizar actividades conjuntas, quer ao n&iacute;vel formativo, quer ao n&iacute;vel de eventos. De resto, terei de agendar para breve uma reuni&atilde;o directiva, j&aacute; que nos surgiram diversos pedidos relacionados com actividades formativas. Fomos j&aacute; interpelados por hospitais que dizem sentir falta de forma&ccedil;&atilde;o nesta &aacute;rea e que nos convidam, at&eacute;, para os ajudar a definir conte&uacute;dos program&aacute;ticos. Neste momento, infelizmente, ainda n&atilde;o temos a capacidade organizativa que nos possibilite dar tal apoio, mas penso que em breve l&aacute; chegaremos. A SPQS j&aacute; delineou, certamente, as componentes em que deseja intervir com mais energia, para benef&iacute;cio do SNS... Identific&aacute;mos v&aacute;rias &aacute;reas priorit&aacute;rias. Desde logo a inova&ccedil;&atilde;o em Sa&uacute;de e a divulga&ccedil;&atilde;o de boas pr&aacute;ticas, nacionais e internacionais. Depois, a forma&ccedil;&atilde;o e o apoio aos profissionais. Muitos dos meus alunos de mestrado e p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o - alguns deles coordenadores de gabinetes da qualidade - questionam-me sobre como podem aprofundar conhecimentos neste campo e ter acesso a conte&uacute;dos eminentemente pr&aacute;ticos, que obviamente n&atilde;o t&ecirc;m lugar em forma&ccedil;&otilde;es te&oacute;ricas e amplas. Assim, o apoio e a forma&ccedil;&atilde;o pr&aacute;tica dos profissionais &eacute; um dos planos que gostar&iacute;amos de desenvolver, quer atrav&eacute;s de ferramentas de Internet, quer por via de recursos humanos dispon&iacute;veis para actividades de forma&ccedil;&atilde;o. Neste momento, a SPQS conta com cerca de 40 associados... Qual &eacute; o objectivo ao n&iacute;vel das ades&otilde;es? No que respeita aos s&oacute;cios individuais, pensamos num n&uacute;mero bastante alargado. At&eacute; porque surgiram, nas 24 horas subsequentes &agrave; apresenta&ccedil;&atilde;o da sociedade, mais 20 ou 30 inscri&ccedil;&otilde;es. Contudo, n&atilde;o nos podemos esquecer dos associados institucionais, que nos d&atilde;o for&ccedil;a e possuem uma importante capacidade financeira. Falamos aqui de grupos privados da Sa&uacute;de ou de institui&ccedil;&otilde;es do sector social, por exemplo. Pretendemos lan&ccedil;ar uma campanha junto de estabelecimentos de sa&uacute;de, atrav&eacute;s da qual se ir&aacute; apelar a unidades de sa&uacute;de familiar e a hospitais. Esperamos que eles venham ter connosco, embora para que tal aconte&ccedil;a ser&aacute; necess&aacute;rio que tenhamos servi&ccedil;os para oferecer, um portf&oacute;lio interessante e uma atitude pr&oacute;-activa, como &eacute; evidente. Para o acto solene de apresenta&ccedil;&atilde;o da SPQS, convidaram o presidente da Sociedad Espa&ntilde;ola de Calidad Asistencial (SECA), Pedro Parra. Olham para esta institui&ccedil;&atilde;o como exemplo a replicar, de alguma forma, em Portugal? A SECA est&aacute; implantada em Espanha h&aacute; muitos anos (desde o in&iacute;cio da d&eacute;cada de 80). Tem uma vasta experi&ecirc;ncia, largos pergaminhos na organiza&ccedil;&atilde;o de congressos e um papel interessante na integra&ccedil;&atilde;o das v&aacute;rias sociedades existentes nas comunidades aut&oacute;nomas. J&aacute; discutimos, at&eacute;, a possibilidade de realizarmos congressos em parceria com a SECA, aproveitando os seus saberes. Mas n&atilde;o queremos ficar por a&iacute;, j&aacute; que temos a facilidade de nos entender mutuamente, gra&ccedil;as &agrave; proximidade lingu&iacute;stica e cultural. H&aacute; pouca investiga&ccedil;&atilde;o em Portugal (j&aacute; conclu&iacute;da ou em curso) sobre qualidade em Sa&uacute;de... Como pretendem alterar este cen&aacute;rio? Ser&aacute; f&aacute;cil obter apoios financeiros? Existem, de facto, poucas iniciativas nesta &aacute;rea. Alguma coisa tem sido desenvolvida na Escola Nacional de Sa&uacute;de P&uacute;blica, assim como na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e no Instituto Superior de Ci&ecirc;ncias do Trabalho e da Empresa. O nosso prop&oacute;sito &eacute; dialogar com todas as institui&ccedil;&otilde;es do ensino superior que, neste momento, est&atilde;o a desenvolver cursos de Qualidade na Sa&uacute;de, ou que possuem mestrados e p&oacute;s-gradua&ccedil;&otilde;es sobre Gest&atilde;o da Qualidade (forma&ccedil;&otilde;es que englobam, habitualmente, um m&oacute;dulo de Qualidade na Sa&uacute;de). Estas entidades poder&atilde;o tornar-se nossas associadas e ser&aacute; sempre poss&iacute;vel encontrar interessantes sinergias, &uacute;teis para todas as partes. Encontrar financiamento para suportar projectos de investiga&ccedil;&atilde;o &eacute; tarefa complicada? Todos sabemos que, hoje, &eacute; complicado encontrar financiamento para investiga&ccedil;&atilde;o sobre Qualidade em Sa&uacute;de. No entanto, real&ccedil;o a circunst&acirc;ncia de, no ano passado, a Uni&atilde;o Europeia ter financiado alguns projectos, infelizmente numa altura em que a sociedade ainda n&atilde;o estava formada. Assim, temos de permanecer bastante atentos a todos os fundos comunit&aacute;rios canalizados para a investiga&ccedil;&atilde;o, prepararmo-nos atempadamente e saber concorrer a estas linhas de financiamento. Deveremos ser capazes de mostrar aos nossos associados como poder&atilde;o seguir esta via, al&eacute;m da pr&oacute;pria sociedade ter a obriga&ccedil;&atilde;o de concorrer em parceria com investigadores nacionais. Isto porque, nestes meandros europeus, quando os projectos contam com o apoio de uma sociedade cient&iacute;fica oferecem sempre uma maior seguran&ccedil;a e credibilidade. Ser&aacute; desej&aacute;vel, portanto, que apresentemos projectos em cons&oacute;rcio com equipas de investiga&ccedil;&atilde;o ou escolas.

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