Jornal Médico - Docentes discutem capacidade formativa dos serviços de saúde

A reforma antecipada dos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia poder&aacute; ter impacto na capacidade formativa dos servi&ccedil;os de sa&uacute;de... A reforma antecipada dos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia poder&aacute; ter impacto na capacidade formativa dos servi&ccedil;os de sa&uacute;de. Mais: at&eacute; 2020 as faculdades de Medicina ir&atilde;o formar cerca de 22.500 m&eacute;dicos. Os docentes alertam para a necessidade de se refor&ccedil;ar a capacidade formativa dos CSP, quer ao n&iacute;vel do internato quer ao do ensino pr&eacute;-graduado At&eacute; 2020, as faculdades de Medicina ir&atilde;o formar cerca de 22.500 novos m&eacute;dicos. Mas a capacidade formativa dos servi&ccedil;os, tal como &eacute; reportado pelo Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de, ronda os 14.500. Isso significa que aproximadamente 8 mil m&eacute;dicos n&atilde;o poder&atilde;o prosseguir com o internato da especialidade, referiu o Prof. Ant&oacute;nio Sousa Pereira, presidente do conselho directivo do Instituto de Ci&ecirc;ncias Biom&eacute;dicas Abel Salazar (ICBAS), na confer&ecirc;ncia que proferiu sobre O curso de Medicina em Portugal: realidade actual e perspectiva futura, no &acirc;mbito do IV Encontro Nacional de Medicina Geral e Familiar das Faculdades de Medicina. Na opini&atilde;o do docente, "&eacute; importante debater a forma como vamos integrar estes jovens no nosso mundo m&eacute;dico que tem, apesar de tudo, regras muito estritas e que, provavelmente, precisar&aacute; de ser repensado". Reformas antecipadas podem ter impacto na forma&ccedil;&atilde;o A quest&atilde;o do d&eacute;fice de m&eacute;dicos de fam&iacute;lia no pa&iacute;s, agravada com os pedidos de reforma antecipada, que se t&ecirc;m registado desde o in&iacute;cio deste ano, &eacute; outro motivo de preocupa&ccedil;&atilde;o, tamb&eacute;m ao n&iacute;vel da forma&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-graduada. Todos os departamentos de MGF das faculdades de Medicina desenvolvem um enorme esfor&ccedil;o para que os alunos tenham a experi&ecirc;ncia e a viv&ecirc;ncia dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios desde os primeiros anos do curso. Ora, como sublinha Sousa Pereira, para que um servi&ccedil;o tenha capacidade formativa, &eacute; preciso que haja um ambiente de discuss&atilde;o interna e de comprometimento das pessoas com o processo de forma&ccedil;&atilde;o. "Isso preocupa-me porque penso que, com estas reformas antecipadas, haver&aacute; servi&ccedil;os que v&atilde;o perder idoneidade enquanto locais de forma&ccedil;&atilde;o". A direc&ccedil;&atilde;o nacional da APMCG entende que deve existir uma maior liga&ccedil;&atilde;o entre a Associa&ccedil;&atilde;o e os departamentos de Medicina Geral e Familiar, com o objectivo de optimizar estrat&eacute;gias de desenvolvimento dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios Esta quest&atilde;o, presente em todas as reuni&otilde;es e congressos da Medicina Familiar, foi tamb&eacute;m amplamente debatida no encontro dos docentes da disciplina de MGF das faculdades, realizado no audit&oacute;rio do ICBAS no passado dia 23 de Abril. Jo&atilde;o Sequeira Carlos, presidente da Associa&ccedil;&atilde;o Portuguesa de M&eacute;dicos de Fam&iacute;lia (APMCG), respondeu ao apelo dos professores, tutores, orientadores de forma&ccedil;&atilde;o, alunos e internos reunidos no Porto, avan&ccedil;ando ao nosso jornal que a Associa&ccedil;&atilde;o equaciona organizar um f&oacute;rum, com o objectivo de debater o futuro do ensino pr&eacute;-graduado da MGF e de que forma &eacute; que esse ensino deve ser articulado com a quest&atilde;o do desenvolvimento profissional cont&iacute;nuo dos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia e a gest&atilde;o dos recursos humanos no Servi&ccedil;o Nacional de Sa&uacute;de. Encontro reuniu representantes de todas as faculdades do pa&iacute;s As experi&ecirc;ncias adquiridas e os desafios emergentes do ensino pr&eacute;-graduado estiveram em destaque num painel, moderado pela Prof. Dra. Ivone Mauroy da Fonseca (ICBAS), que contou com a participa&ccedil;&atilde;o dos respons&aacute;veis e docentes envolvidos nos diferentes departamentos de MGF das faculdades. De acordo com o Prof. Sousa Pereira, em 2020 cerca de oito mil licenciados em Medicina poder&atilde;o n&atilde;o ter acesso aos internatos da especialidade A experi&ecirc;ncia do ensino da disciplina de MGF nas faculdades come&ccedil;ou h&aacute; 22 anos, com maiores ou menores dificuldades segundo a regi&atilde;o do pa&iacute;s, o n&uacute;mero de alunos e os recursos acad&eacute;micos. Hoje, &eacute; uma realidade que implica um grande esfor&ccedil;o log&iacute;stico, na medida em que se trata de "um ensino de proximidade", que envolve um n&uacute;mero crescente de alunos, tutores e unidades dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios APMCG defende maior liga&ccedil;&atilde;o &agrave;s escolas m&eacute;dicas Para al&eacute;m da partilha de experi&ecirc;ncias entre os respons&aacute;veis dos departamentos de MGF das faculdades, nesta mesa redonda foram equacionados alguns desafios importantes a enfrentar no futuro. A investiga&ccedil;&atilde;o no ensino pr&eacute;-graduado, o di&aacute;logo entre os acad&eacute;micos e a gest&atilde;o dos recursos humanos surgem, claramente, em primeiro lugar. "Temos que permitir que o ensino pr&eacute;-graduado da Medicina seja feito pensando naquilo que ser&aacute; o futuro e os cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios dos anos vindouros", defende Alexandre Gouveia, secret&aacute;rio da direc&ccedil;&atilde;o nacional da APMCG. Outra vertente importante diz respeito &agrave; necessidade de uma maior coopera&ccedil;&atilde;o dos MF nas actividades de ensino. "O ensino e a colabora&ccedil;&atilde;o com a academia, por parte dos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia, &eacute; uma componente essencial na forma&ccedil;&atilde;o e desenvolvimento profissional cont&iacute;nuo, que surge paralelamente ao exerc&iacute;cio di&aacute;rio nas unidades de sa&uacute;de", defende aquele respons&aacute;vel. A direc&ccedil;&atilde;o nacional da APMCG entende, por isso, que "deve existir uma maior liga&ccedil;&atilde;o entre a Associa&ccedil;&atilde;o e todos os departamentos de MGF, com o objectivo de optimizar estrat&eacute;gias de desenvolvimento dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios". Mestrados integrados s&atilde;o oportunidade para fazer investiga&ccedil;&atilde;o em MGF A investiga&ccedil;&atilde;o em MGF, no &acirc;mbito do mestrado integrado em Medicina, foi o tema dominante da segunda parte dos trabalhos do Encontro. "Os departamentos e disciplinas de MGF das diferentes faculdades, t&ecirc;m agora que estar preparados para oferecer tutores e temas de investiga&ccedil;&atilde;o aos alunos que pretendam fazer o mestrado integrado na &aacute;rea da Medicina Familiar durante o curso", aponta Clara Fonseca. Nesse sentido, a vice-presidente da APMCG dedicou grande parte da sua interven&ccedil;&atilde;o no Encontro &agrave; divulga&ccedil;&atilde;o da agenda europeia da EGPRN (The European General Practice Research Network), traduzida para l&iacute;ngua portuguesa pela APMCG, que faz precisamente o levantamento das necessidades de investiga&ccedil;&atilde;o nos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios. A respons&aacute;vel da APMCG aponta ser " necess&aacute;rio que haja uma pol&iacute;tica de constru&ccedil;&atilde;o de capacidades de investiga&ccedil;&atilde;o no pa&iacute;s". Nesse aspecto, "&eacute; preciso tentar que os m&eacute;dicos de fam&iacute;lia, alunos, licenciados e investigadores, estejam integrados em equipas que tenham o apoio de unidades e redes de investiga&ccedil;&atilde;o". Para Clara Fonseca, "&eacute; fundamental que a cria&ccedil;&atilde;o destas unidades de investiga&ccedil;&atilde;o - seja em departamentos universit&aacute;rios, institutos de investiga&ccedil;&atilde;o a n&iacute;vel nacional, no &acirc;mbito das ARS ou dos ACES - contem com o contributo de colegas interessados e com know-how para apoiar aqueles que pretendam realizar trabalhos de investiga&ccedil;&atilde;o". Essas unidades ter&atilde;o que fazer o refor&ccedil;o da capacidade de investiga&ccedil;&atilde;o dos profissionais, nomeadamente atrav&eacute;s de "forma&ccedil;&atilde;o", "acompanhamento de projectos", "consultadoria e an&aacute;lise de dados". Clara Fonseca assinala que, neste momento, n&atilde;o existe nenhum organismo tutelado pelo Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de que apoie a investiga&ccedil;&atilde;o em cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios. "O departamento de investiga&ccedil;&atilde;o da APMCG poder&aacute; ser a alavanca para a cria&ccedil;&atilde;o de uma estrutura deste g&eacute;nero", sugere. O seu objectivo seria "garantir a forma&ccedil;&atilde;o, o refor&ccedil;o das compet&ecirc;ncias dos profissionais na &aacute;rea das metodologias da investiga&ccedil;&atilde;o, a colabora&ccedil;&atilde;o entre departamentos, profissionais e redes de investiga&ccedil;&atilde;o, a divulga&ccedil;&atilde;o e a publica&ccedil;&atilde;o dos trabalhos de investiga&ccedil;&atilde;o".

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