Jornal Médico - João Sequeira Carlos: “MF tem papel determinante na gestão do doente crónico”

Enquanto gestor, cl&iacute;nico e organizador do sistema, o MF tem um papel determinante na abordagem do doente cr&oacute;nico. Quem o diz &eacute; Jo&atilde;o Sequeira Carlos... Enquanto gestor, cl&iacute;nico e organizador do sistema, o m&eacute;dico de fam&iacute;lia tem um papel determinante na abordagem do doente cr&oacute;nico. Quem o diz &eacute; Jo&atilde;o Sequeira Carlos, presidente da Associa&ccedil;&atilde;o Portuguesa dos M&eacute;dicos de Cl&iacute;nica Geral - parceira institucional do II F&oacute;rum Internacional sobre o Doente Cr&oacute;nico. Para o respons&aacute;vel, a gest&atilde;o do doente cr&oacute;nico - "tema de enorme relev&acirc;ncia para a pr&aacute;tica cl&iacute;nica de qualidade e para uma pol&iacute;tica de sa&uacute;de eficiente do s&eacute;culo XXI" - pode ser "o pretexto ideal" para, de uma vez por todas, se construir uma ponte s&oacute;lida entre duas especialidades que t&ecirc;m estado "de costas voltadas": a Medicina Interna e a Medicina Geral e Familiar Desde o primeiro f&oacute;rum sobre doen&ccedil;a cr&oacute;nica, em 2006, que a Associa&ccedil;&atilde;o Portuguesa de M&eacute;dicos de Cl&iacute;nica Geral (APMCG) se associou, como parceira institucional, a esta reflex&atilde;o, "uma vez que a abordagem do doente cr&oacute;nico &eacute; para n&oacute;s, m&eacute;dicos de fam&iacute;lia (MF), uma &aacute;rea de interven&ccedil;&atilde;o estrat&eacute;gica", explicou o presidente da APMCG, Jo&atilde;o Sequeira Carlos. Na segunda edi&ccedil;&atilde;o do evento, para al&eacute;m do cariz internacional, o f&oacute;rum contou com uma forte participa&ccedil;&atilde;o de MF, presidentes de conselhos cl&iacute;nicos e de directores executivos dos Agrupamentos de Centros de Sa&uacute;de (ACES), o que, no entender do MF do Departamento de Medicina Geral e Familiar (MGF) do Hospital da Luz &eacute; "uma nota muito positiva". De acordo com o especialista, os trabalhos que decorreram durante dois dias, no Centro de Congressos de Lisboa, foram muito produtivos... A insufici&ecirc;ncia renal cr&oacute;nica e a diabetes foram introduzidas no programa do f&oacute;rum como paradigma e modelo da gest&atilde;o do doente cr&oacute;nico. Para Jo&atilde;o Sequeira Carlos, "&eacute; fundamental evoluir do conceito de gest&atilde;o da doen&ccedil;a cr&oacute;nica para o de abordagem do doente cr&oacute;nico, porque um mesmo doente pode ter v&aacute;rias doen&ccedil;as cr&oacute;nicas, o que obriga a estrat&eacute;gias diferentes de gest&atilde;o". O presidente da APMCG defende que a doen&ccedil;a cr&oacute;nica afecta, n&atilde;o s&oacute; o doente, mas toda a gente &agrave; sua volta, na medida em que tem uma componente individual, familiar, social e profissional. "Como conhecedor dessa multidimensionalidade - onde tamb&eacute;m se integra uma vertente que a MGF t&atilde;o bem explora: a dimens&atilde;o comunit&aacute;ria - o MF assume um lugar privilegiado na resposta &agrave;s necessidades t&atilde;o particulares dos doentes cr&oacute;nicos". Pol&iacute;ticas de sa&uacute;de &agrave; medida Para que a abordagem ao doente cr&oacute;nico seja bem sucedida, s&atilde;o imprescind&iacute;veis pol&iacute;ticas nacionais de sa&uacute;de capazes de responder ao aumento das doen&ccedil;as cr&oacute;nicas, decorrente do envelhecimento populacional. "Necessitamos de uma pol&iacute;tica concertada e consequente na promo&ccedil;&atilde;o de mecanismos e condi&ccedil;&otilde;es para uma abordagem eficiente do doente cr&oacute;nico. Num plano mais micro, &eacute; fundamental a cria&ccedil;&atilde;o de equipas funcionais e multiprofissionais, porque a abordagem do doente cr&oacute;nico vai muito para al&eacute;m das &aacute;reas da Medicina e da enfermagem", sustentou, em declara&ccedil;&otilde;es ao nosso jornal, o MF do Hospital da Luz. Para Sequeira Carlos, "de um ponto de vista organizacional, um dos sinais de que o cuidado aos doentes cr&oacute;nicos &eacute; desadequado &eacute; a quantidade de epis&oacute;dios de urg&ecirc;ncia que temos no nosso Pa&iacute;s. Quando comparamos este cen&aacute;rio com o de outros pa&iacute;ses onde os cuidados est&atilde;o mais organizados para a continuidade e gest&atilde;o da doen&ccedil;a cr&oacute;nica, percebemos que as idas &agrave;s urg&ecirc;ncias seriam desnecess&aacute;rias, se houvessem mecanismos e cuidados articulados na doen&ccedil;a cr&oacute;nica". Na &oacute;ptica do especialista, "urge passar de um c&iacute;rculo vicioso - em que os cuidados ao doente cr&oacute;nico s&atilde;o desviados para a doen&ccedil;a aguda, subtraindo tempo aos cuidados programados e contribuindo para o aumento da despesa - para um c&iacute;rculo virtuoso, em que h&aacute; mais tempo e estruturas para as actividades programadas, com ganhos em sa&uacute;de, diminui&ccedil;&atilde;o das agudiza&ccedil;&otilde;es e diminui&ccedil;&atilde;o da despesa". Empowerment e articula&ccedil;&atilde;o de cuidados Uma das convidadas internacionais do II F&oacute;rum Internacional sobre o Doente Cr&oacute;nico, a brit&acirc;nica Mary Baker, salientou um dos factores que, no entender do moderador da mesa sobre resposta integrada aos doentes cr&oacute;nicos, &eacute; crucial para a efic&aacute;cia da abordagem a estes pacientes: a capacita&ccedil;&atilde;o para os auto-cuidados, tamb&eacute;m conhecida por empowerment. "A abordagem do doente cr&oacute;nico carece de uma sociedade mais informada, onde a capacita&ccedil;&atilde;o do doente - e dos seus cuidadores - &eacute; essencial para uma adequada auto-gest&atilde;o de cuidados", refere o presidente da APMCG. Ainda a reter dos dois dias de reflex&atilde;o, algumas ideias chave, sublinha Jo&atilde;o Sequeira Carlos, tais como: a no&ccedil;&atilde;o de que a gest&atilde;o do doente cr&oacute;nico &eacute; um "tema de enorme relev&acirc;ncia para a pr&aacute;tica cl&iacute;nica de qualidade e para uma pol&iacute;tica de sa&uacute;de eficiente do s&eacute;culo XXI". Para al&eacute;m disso, sustentou o respons&aacute;vel, apresenta-se como "o pretexto ideal" para uma efectiva e desejada aproxima&ccedil;&atilde;o entre duas especialidades que t&ecirc;m ra&iacute;zes praticamente sobrepon&iacute;veis, mas que t&ecirc;m estado "de costas voltadas" - a Medicina Interna e a MGF. De facto, a eficiente articula&ccedil;&atilde;o entre n&iacute;veis de cuidados &eacute; um dos factores chave para o sucesso da gest&atilde;o do doente cr&oacute;nico. "Caso esta articula&ccedil;&atilde;o n&atilde;o seja estruturada, eficiente e de qualidade, p&otilde;e-se em causa a continuidade de cuidados na abordagem do doente cr&oacute;nico", salientou o MF, concluindo que "a gest&atilde;o do doente cr&oacute;nico &eacute; um desafio, que devemos encarar como uma oportunidade para a evolu&ccedil;&atilde;o do nosso sistema de sa&uacute;de". Jo&atilde;o Sequeira Carlos adiantou ao M&eacute;dico de Fam&iacute;lia que a comiss&atilde;o organizadora do f&oacute;rum do doente cr&oacute;nico espera poder vir a realizar uma terceira edi&ccedil;&atilde;o desta iniciativa em 2012.

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