Jornal Médico - SAM continua a soluçar

"Como as avarias s&atilde;o praticamente di&aacute;rias, na nossa unidade, at&eacute; pensei que fosse mais uma das dificuldades costumeiras. J&aacute; nem fizemos queixa a ningu&eacute;m, porque todos os dias as ferramentas inform&aacute;ticas funcionam mal"... Entre os dias 25 e 28 de Junho, muitos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia (MF) que utilizam o Sistema de Apoio ao M&eacute;dico (SAM) foram obrigados a regressar ao passado e passar receitu&aacute;rio &agrave; m&atilde;o. Tudo porque o m&oacute;dulo de prescri&ccedil;&atilde;o daquela aplica&ccedil;&atilde;o n&atilde;o permitia o acesso &agrave; lista de medicamentos (as refer&ecirc;ncias surgiam a cinzento, como indispon&iacute;veis). O problema assumiu contornos nacionais e ter&aacute; estado relacionado com actualiza&ccedil;&otilde;es feitas pela Administra&ccedil;&atilde;o Central do Sistema de Sa&uacute;de (ACSS) na tabela de comparticipa&ccedil;&otilde;es dos medicamentos. O M&eacute;dico de Fam&iacute;lia tem conhecimento de v&aacute;rios m&eacute;dicos que - a t&iacute;tulo individual ou atrav&eacute;s dos canais administrativos ao seu dispor, nos agrupamentos de centros de sa&uacute;de em que est&atilde;o integrados -, procuraram saber o que inviabilizava a emiss&atilde;o de receitu&aacute;rio, quando as dificuldades t&eacute;cnicas emergiram no passado dia 25 de Junho. A resposta foi quase sempre a mesma: a ACSS j&aacute; tem conhecimento do problema e vai resolv&ecirc;-lo, logo que poss&iacute;vel. Entretanto, o conselho transmitido era o de que seria adequado recorrer &agrave; prescri&ccedil;&atilde;o manual. M&oacute;nica Granja, MF no Centro de Sa&uacute;de Senhora da Hora, disse ao nosso jornal que nem se apercebeu, de in&iacute;cio, que o problema estivesse relacionado com actualiza&ccedil;&otilde;es: "como as avarias s&atilde;o praticamente di&aacute;rias, na nossa unidade, at&eacute; pensei que fosse mais uma das dificuldades costumeiras. J&aacute; nem fizemos queixa a ningu&eacute;m, porque todos os dias as ferramentas inform&aacute;ticas funcionam mal. S&oacute; quando cheguei a casa e contactei com colegas de outros locais do pa&iacute;s percebi que, desta vez, se tratava de um impasse nacional". Esta m&eacute;dica disse-nos que, no caso das unidades em torno de Matosinhos, a impossibilidade de prescrever atrav&eacute;s do SAM apenas durou um dia: "n&atilde;o se podiam prescrever medicamentos comparticipados, j&aacute; que o sistema assegurava que estavam retirados do mercado". Pelas 10 da manh&atilde;, quando os MF j&aacute; prescreviam &agrave; m&atilde;o, a administra&ccedil;&atilde;o da Unidade Local de Sa&uacute;de de Matosinhos enviou uma mensagem electr&oacute;nica aos profissionais, no qual se afirmava que existia, de facto, um problema e que este se encontra a ser resolvido. Para M&oacute;nica Granja, a contrariedade foi assinal&aacute;vel mas quando comparada com outras j&aacute; vividas, em Matosinhos, nem sequer chegou a assustar: "temos avarias numa base di&aacute;ria. Por isso, prescrever &agrave; m&atilde;o nem &eacute; o mais grave, desde que o computador n&atilde;o bloqueie e as outras funcionalidades do sistema permane&ccedil;am activas. Naquele dia, por acaso, tudo o resto funcionava bem e at&eacute; foi poss&iacute;vel verificar a medica&ccedil;&atilde;o cr&oacute;nica do doente!". Jos&eacute; Mendes Nunes, MF no CS de Almeirim, confirma que tamb&eacute;m naquela unidade foi imposs&iacute;vel recorrer ao SAM para prescrever: "durante um ou dois dias eu e os colegas tivemos de passar o receitu&aacute;rio &agrave; m&atilde;o. A nossa leitura, naquele momento, foi a de que o contratempo estava relacionado com a introdu&ccedil;&atilde;o no sistema de novos pre&ccedil;os". Tamb&eacute;m no Algarve se registaram inconvenientes. Victor Palmeira, m&eacute;dico da USF Balsa (Tavira), garantiu-nos que durante quase todo o dia 28 de Junho foi imposs&iacute;vel prescrever pelo SAM: "o problema ficou resolvido ao final da tarde e foi-nos dito que estava ser remodelado o receitu&aacute;rio". O mesmo profissional de sa&uacute;de adiantou-nos que, embora tenha sido ultrapassada a impossibilidade de prescrever via SAM, o sistema trouxe novas dores de cabe&ccedil;a, logo de seguida: "de repente, deix&aacute;mos de ter acesso ao hist&oacute;rico de consultas dos utentes. Isto impossibilita-nos, por exemplo, de retirar c&oacute;pias dos registos de consulta para envio a tribunal, em casos de agress&otilde;es ou similares". Fonte da USF Al-Gharb (Faro), atestou que o mesmo tipo de embara&ccedil;os foi identificado na capital algarvia e que os m&eacute;dicos n&atilde;o tiveram outra solu&ccedil;&atilde;o que n&atilde;o a de puxar pela caneta. Em Santar&eacute;m, na USF S&atilde;o Domingos, a coordenadora Rosa Feliciano lembra que se assinalaram falhas no acesso &agrave; prescri&ccedil;&atilde;o por interm&eacute;dio do SAM, mas garante que o problema foi tempor&aacute;rio: "no nosso caso, n&atilde;o chegou a durar um dia. Neste intervalo de tempo, pass&aacute;mos as receitas &agrave; m&atilde;o, at&eacute; porque n&atilde;o t&iacute;nhamos acesso a qualquer dado de prescri&ccedil;&atilde;o, fosse de medicamentos comparticipados ou n&atilde;o comparticipados. Tudo estava bloqueado". Esta m&eacute;dica afirmou-nos, ainda, que depois de contactados os t&eacute;cnicos, os servi&ccedil;os foram informados de que estavam a decorrer mexidas no sistema. Pese embora todos estes relatos, a ACSS - contactada pela nossa redac&ccedil;&atilde;o - recusou-se a admitir qualquer abalo nos servi&ccedil;os ou sequer queixas recebidas das equipas de sa&uacute;de. Assim, a assessora de comunica&ccedil;&atilde;o da ACSS avan&ccedil;ou que "nenhum centro de sa&uacute;de que utilize o Sistema de Apoio ao M&eacute;dico (SAM) reportou qualquer incapacidade de prescrever receitu&aacute;rio cr&oacute;nico".

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