Jornal Médico - Dependências serão foco de intervenção

Objectivo: "melhorar os conhecimentos, procedimentos e atitudes dos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia face &agrave;s depend&ecirc;ncias, contribuindo para a elabora&ccedil;&atilde;o dos documentos t&eacute;cnico-cient&iacute;ficos adequados e baseados em evid&ecirc;ncia" O N&uacute;cleo de Comportamentos Aditivos &eacute; o mais recente grupo de trabalho da Associa&ccedil;&atilde;o Portuguesa dos M&eacute;dicos de Cl&iacute;nica Geral. Aprovado na &uacute;ltima reuni&atilde;o da direc&ccedil;&atilde;o nacional, este n&uacute;cleo - coordenado por Cristina Ribeiro e In&ecirc;s Maio - visa "melhorar os conhecimentos, procedimentos e atitudes dos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia face &agrave;s depend&ecirc;ncias, contribuindo para a elabora&ccedil;&atilde;o dos documentos t&eacute;cnico-cient&iacute;ficos adequados e baseados em evid&ecirc;ncia". Numa primeira fase, a abordagem ser&aacute; mais centrada nos problemas ligados ao &aacute;lcool. Posteriormente, o novo grupo concentrar&aacute; o seu trabalho nos problemas ligados ao consumo de outras subst&acirc;ncias (l&iacute;citas ou il&iacute;citas), abordando ainda as novas depend&ecirc;ncias: jogo, Internet, telem&oacute;vel, compras compulsivas, entre outras A Associa&ccedil;&atilde;o Portuguesa dos M&eacute;dicos de Cl&iacute;nica Geral (APMCG) tem um novo grupo de interesse/trabalho. Trata-se do N&uacute;cleo de Comportamentos Aditivos (NCA) e pretende dotar os m&eacute;dicos de fam&iacute;lia (MF) de melhores conhecimentos, procedimentos e atitudes face a uma problem&aacute;tica bastante actual: as depend&ecirc;ncias. Conforme explicou ao nosso jornal Cristina Ribeiro, uma das coordenadoras do NCA, "este n&uacute;cleo compreender&aacute;, numa primeira fase, uma abordagem mais centrada nos problemas ligados ao &aacute;lcool (PLA)". Posteriormente, "vamos focar-nos nas depend&ecirc;ncias de outras subst&acirc;ncias - l&iacute;citas e il&iacute;citas -, sem esquecer os mais recentes comportamentos aditivos, como os v&iacute;cios do jogo, Internet, videojogos, telem&oacute;vel e shopping compulsivo", adiantou a m&eacute;dica, assessora para os Assuntos do &Aacute;lcool do Instituto da Droga e da Toxicodepend&ecirc;ncia (IDT). O foco nos PLA justifica-se pelo facto de estes assumirem "uma gravidade crescente, comprovada por estudos recentes, que evidenciam um preocupante consumo a n&iacute;vel mundial". De acordo com Cristina Ribeiro, "numerosos estudos demonstram que existe uma rela&ccedil;&atilde;o dose/resposta entre o consumo de &aacute;lcool e a frequ&ecirc;ncia e gravidade de v&aacute;rias doen&ccedil;as. Deste modo, a maiores n&iacute;veis de consumo correspondem taxas de mortalidade e morbilidade mais elevadas por cirrose hep&aacute;tica, neoplasias, acidentes nos locais de trabalho e sinistralidade rodovi&aacute;ria. Influenciam ainda outras situa&ccedil;&otilde;es, como o absentismo laboral, comportamentos sexuais de risco, gravidez na adolesc&ecirc;ncia, agressividade e viol&ecirc;ncia". Segundo a docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), "a identifica&ccedil;&atilde;o do consumidor de risco e nocivo em etapas precoces diminui o risco de complica&ccedil;&otilde;es ligadas &agrave; sa&uacute;de, possibilitando que as altera&ccedil;&otilde;es comportamentais necess&aacute;rias na abordagem e no tratamento sejam mais facilmente alcan&ccedil;adas e/ou mantidas". Neste sentido, os cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios (CSP) assumem uma posi&ccedil;&atilde;o privilegiada em termos da interven&ccedil;&atilde;o no &acirc;mbito do consumo de bebidas alco&oacute;licas, no que respeita &agrave; detec&ccedil;&atilde;o e &agrave; primeira linha de interven&ccedil;&atilde;o. Estrat&eacute;gias de conten&ccedil;&atilde;o dos PLA "Actualmente, existem a n&iacute;vel mundial e europeu estrat&eacute;gias abrangentes, transversais, para abordar a problem&aacute;tica do consumo nocivo de bebidas alco&oacute;licas nomeadamente junto de grupos populacionais mais vulner&aacute;veis como sejam os jovens, as gr&aacute;vidas e os idosos", refere a especialista. Foi recentemente publicado o Decreto-Lei (DL) n&ordm; 40/2010, de 28 de Abril, que reorganiza as estruturas de coordena&ccedil;&atilde;o do combate &agrave; droga e &agrave;s toxicodepend&ecirc;ncias, alargando as respectivas compet&ecirc;ncias &agrave; defini&ccedil;&atilde;o e &agrave; execu&ccedil;&atilde;o das pol&iacute;ticas relacionadas com o uso nocivo do &aacute;lcool. "Para al&eacute;m da designa&ccedil;&atilde;o do Ministro da Sa&uacute;de (MS) como o membro do Governo respons&aacute;vel pelas pol&iacute;ticas relacionados com o &aacute;lcool e a do presidente do conselho directivo do IDT como Coordenador Nacional, este DL determina o alargamento da composi&ccedil;&atilde;o do Conselho Interministerial e do Conselho Nacional de acordo com as novas compet&ecirc;ncias. Assim, o Conselho Interministerial para os Problemas da Droga, das Toxicodepend&ecirc;ncias e do Uso Nocivo do &Aacute;lcool aprovou, no dia 26 de Maio, o Plano Nacional para a Redu&ccedil;&atilde;o dos Problemas Ligados ao &Aacute;lcool (PNRPLA) 2010 -2012", explica Cristina Ribeiro. O PNRPLA assenta em quatro pilares: a exist&ecirc;ncia de estruturas de coordena&ccedil;&atilde;o claramente mandatadas para a sua elabora&ccedil;&atilde;o e execu&ccedil;&atilde;o; a fixa&ccedil;&atilde;o de metas claras (invers&atilde;o da tend&ecirc;ncia para o aumento da experimenta&ccedil;&atilde;o precoce e da ocorr&ecirc;ncia de embriaguez, sobretudo entre os jovens); a cria&ccedil;&atilde;o de uma rede de referencia&ccedil;&atilde;o para tratamento de pessoas com PLA, envolvendo os CSP, toda a rede do IDT e os cuidados hospitalares (Psiquiatria e outras especialidades, como Gastrenterologia/Hepatologia) e; a cria&ccedil;&atilde;o de um F&oacute;rum &Aacute;lcool e Sa&uacute;de, onde seja poss&iacute;vel o envolvimento e compromisso dos v&aacute;rios parceiros no cumprimento do Plano. No entender da assessora do IDT, "a implementa&ccedil;&atilde;o de programas de detec&ccedil;&atilde;o e abordagem dos PLA a partir dos CSP &eacute; essencial como primeiro n&iacute;vel de interven&ccedil;&atilde;o. A implementa&ccedil;&atilde;o destes programas na pr&aacute;tica cl&iacute;nica deve constituir um objectivo primordial e devem ser incentivados porque os resultados sua aplica&ccedil;&atilde;o, v&atilde;o contribuir para a redu&ccedil;&atilde;o dos n&iacute;veis de consumos de &aacute;lcool na popula&ccedil;&atilde;o". &Eacute; neste sentido que o rec&eacute;m-criado n&uacute;cleo da APMCG pretende trabalhar, procurando "melhorar os conhecimentos, procedimentos e atitudes dos MF face a estes problemas e contribuindo para a elabora&ccedil;&atilde;o dos documentos t&eacute;cnico-cient&iacute;ficos adequados e baseados em evid&ecirc;ncia", salienta a docente da FMUL. MF na linha da frente O NCA contar&aacute; com a dinamiza&ccedil;&atilde;o de um grupo de MF com afinidade de interesses, empenhados na cria&ccedil;&atilde;o de condi&ccedil;&otilde;es organizativas e de trabalho para o aprofundamento de conhecimentos na &aacute;rea dos PLA e outras depend&ecirc;ncias. "Pretende-se, atrav&eacute;s de um plano de actividades baseado em projectos, desenvolver actividades de promo&ccedil;&atilde;o de uma cultura m&eacute;dica assente na pesquisa, discuss&atilde;o e divulga&ccedil;&atilde;o de conhecimentos actualizados na &aacute;rea dos PLA e outras depend&ecirc;ncias. Os principais executores do programa ser&atilde;o os MF do n&uacute;cleo", acrescenta Cristina Ribeiro. Para al&eacute;m da assessora do IDT, o NCA ser&aacute; coordenado por In&ecirc;s Maio, interna de Medicina Geral e Familiar (MGF) e membro da direc&ccedil;&atilde;o nacional da APMCG e contar&aacute; com a colabora&ccedil;&atilde;o de v&aacute;rios MF a n&iacute;vel nacional, "com interesse por estas tem&aacute;ticas e algumas compet&ecirc;ncias no &acirc;mbito do trabalho assistencial ou de investiga&ccedil;&atilde;o desenvolvidos nesta &aacute;rea. "Estamos actualmente a estabelecer contactos com estes colegas no sentido de confirmar disponibilidades para um trabalho que se deseja participativo e din&acirc;mico", explicou Cristina Ribeiro ao M&eacute;dico de Fam&iacute;lia. O NCA contar&aacute;, igualmente, com o apoio de v&aacute;rios parceiros institucionais (governamentais e n&atilde;o governamentais), como o IDT, sociedades cient&iacute;ficas e associa&ccedil;&otilde;es, departamentos acad&eacute;micos, Direc&ccedil;&atilde;o-Geral de Sa&uacute;de (DGS), Administra&ccedil;&otilde;es Regionais de Sa&uacute;de (ARS), organiza&ccedil;&otilde;es de doentes e peritos nas &aacute;reas dos PLA e de outras depend&ecirc;ncias. "Contamos, ainda, com o apoio da direc&ccedil;&atilde;o da APMCG e com o envolvimento dos profissionais, fundamentais para a concretiza&ccedil;&atilde;o bem sucedida dos objectivos a que nos propomos", frisou a especialista. Esses objectivos - desenhados em forma de programas - incluem um programa de desenvolvimento profissional (pesquisa e actualiza&ccedil;&atilde;o sistem&aacute;tica de temas na &aacute;rea do &aacute;lcool e outras depend&ecirc;ncias; forma&ccedil;&atilde;o dos profissionais de sa&uacute;de; participa&ccedil;&atilde;o no Congresso e Encontro da APMCG com temas relacionados); programa para elabora&ccedil;&atilde;o do Manual sobre Orienta&ccedil;&atilde;o Cl&iacute;nica e aplica&ccedil;&atilde;o da Rede de Referencia&ccedil;&atilde;o em colabora&ccedil;&atilde;o com outros organismos e institui&ccedil;&otilde;es; programa na &aacute;rea de educa&ccedil;&atilde;o para a sa&uacute;de dirigida aos utentes; programa de interven&ccedil;&atilde;o no site da APMCG. As restantes metas do NCA est&atilde;o desenhadas sob a forma de projectos espec&iacute;ficos, como a pesquisa e actualiza&ccedil;&atilde;o sistem&aacute;tica de temas da &aacute;rea dos PLA; workshop sobre o PNRPLA e Rede de Referencia&ccedil;&atilde;o; curso sobre detec&ccedil;&atilde;o dos PLA e interven&ccedil;&otilde;es breves; curso sobre entrevista motivacional no contexto dos PLA; manual de forma&ccedil;&atilde;o de formadores em PL; cria&ccedil;&atilde;o de folhetos informativos para os utentes; desenvolvimento de um espa&ccedil;o pr&oacute;prio no site da APMCG (www.apmcg.pt). "Todos estes conte&uacute;dos program&aacute;ticos ter&atilde;o como finalidade contribuir para a revis&atilde;o de publica&ccedil;&otilde;es do interesse para a MGF nestas mat&eacute;rias, manter contacto com o IDT e estabelecer algumas parcerias e protocolos de interesse para a MGF", explicou a coordenadora do N&uacute;cleo. "De destacar, ainda, a componente formativa do nosso trabalho, com cursos sobre interven&ccedil;&otilde;es breves e entrevista motivacional, de forma a desenvolver nos MF compet&ecirc;ncias para a abordagem destes contextos, assim como a tradu&ccedil;&atilde;o e dissemina&ccedil;&atilde;o de um Manual de Orienta&ccedil;&atilde;o Cl&iacute;nica, produzido no &acirc;mbito do projecto Europeu PHEPA (www.phepa.net)". "Os respons&aacute;veis pela coordena&ccedil;&atilde;o do NCA far&atilde;o uma avalia&ccedil;&atilde;o anual das actividades do N&uacute;cleo, tendo em conta o cumprimento da execu&ccedil;&atilde;o dos projectos, e produzir&atilde;o um relat&oacute;rio anual das actividades", aponta Cristina Ribeiro.

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