Jornal Médico - USF tapam buracos informáticos para identificar utentes desgarrados

A USF Serpa Pinto come&ccedil;ou a partilhar ferramentas inform&aacute;ticas de consulta (queries) de sua pr&oacute;pria lavra... A Unidade de Sa&uacute;de Familiar Serpa Pinto come&ccedil;ou a partilhar ferramentas inform&aacute;ticas de consulta (queries) de sua pr&oacute;pria lavra, com as suas cong&eacute;neres de Norte a Sul do pa&iacute;s. O objectivo &eacute; que todas as USF possam recolher informa&ccedil;&atilde;o vital a partir do M&oacute;dulo Estat&iacute;stico do SAM/SAPE, de modo a corrigir desvios assistenciais com impacto no cumprimento de indicadores... As ferramentas de consulta criadas na Unidade de Sa&uacute;de Familiar (USF) Serpa Pinto, para a colheita de dados via M&oacute;dulo Estat&iacute;stico (ME) do SAM/SAPE, est&atilde;o a ser facultadas atrav&eacute;s da rede que as USF dinamizam na Internet. Neste f&oacute;rum, os profissionais da Serpa Pinto convidam os colegas de todo o pa&iacute;s a descarregarem os ficheiros que possibilitam, por exemplo, gerar listas nominais de utentes por data de nascimento, de mulheres sem mamografia solicitada (com divis&atilde;o por m&eacute;dico e por idade), de hipertensos vigiados na USF sem tens&atilde;o arterial avaliada ap&oacute;s data limite (avaliados por m&eacute;dico de fam&iacute;lia), de crian&ccedil;as com teste do pezinho realizado e respectiva data de primeira consulta, ou de diab&eacute;ticos sem requisi&ccedil;&atilde;o de Hga1C. Ao mesmo tempo que disponibilizou estas ferramentas de consulta, a equipa da Serpa Pinto convidou outros grupos a partilharem eventuais desenvolvimentos que tenham operado no ME. De acordo com o enfermeiro Paulo Carvalho (um dos elementos da equipa que, em conjunto com dois secret&aacute;rios cl&iacute;nicos, mais se tem dedicado &agrave; cria&ccedil;&atilde;o destas queries, capazes de extrair informa&ccedil;&atilde;o relevante das bases de dados), o ME do SAM/SAPE nunca foi desenvolvido formalmente e oferece apenas informa&ccedil;&atilde;o b&aacute;sica, sem a possibilidade de gerar listas nominais de utentes, para futuras correc&ccedil;&otilde;es: "na realidade, o ME n&atilde;o nos proporcionava sequer dados fi&aacute;veis, para mais de metade dos indicadores. Ou seja, para muitos deles &eacute;ramos obrigados a entrar manualmente no processo individual do utente, seja no SAM ou no SAPE, e confirmar - por exemplo - se a mamografia se encontrava em dia ou n&atilde;o". As USF que utilizam o SAM/SAPE sentem-se cada vez mais frustradas com o cen&aacute;rio, para mais sabendo que as demais aplica&ccedil;&otilde;es - VitaCare e MedicineOne, nomeadamente - oferecem outro n&iacute;vel de detalhe informativo das consultas &agrave;s bases de dados. Diga-se, a prop&oacute;sito, que de um ponto de vista te&oacute;rico, nada justifica que a informa&ccedil;&atilde;o registada no SAM/SAPE n&atilde;o possa ser analisada e dividida segundo m&uacute;ltiplos crit&eacute;rios, tal como sucede no &acirc;mbito de qualquer outro sistema de informa&ccedil;&atilde;o. Para os profissionais da Serpa Pinto, o desespero &eacute; grande. De facto, a equipa fazia uso, em tempos, da aplica&ccedil;&atilde;o MedicineOne e sente-se agora amarrada a um sistema que n&atilde;o parece merecer a devida aten&ccedil;&atilde;o por parte de quem tem a responsabilidade de o potenciar. Paulo Carvalho relembra que o sistema actualmente utilizado para aferir a observ&acirc;ncia, ou n&atilde;o, dos indicadores contratualizados (o SIARS), "apenas informa sobre o n&uacute;mero de utentes que cumprem os requisitos, sem determinar quais s&atilde;o as pessoas que est&atilde;o em tal situa&ccedil;&atilde;o". Isto &eacute;, qualquer equipa de USF que trabalhe com o SAM/SAPE necessita, obviamente, de um sistema interno que possibilite elencar, um a um, os utentes que falham esta ou aquela meta, de maneira a aperfei&ccedil;oar o seu trabalho. Embora as ferramentas de consulta lan&ccedil;adas pela Serpa Pinto se concentrem, para j&aacute;, nos dados associados aos indicadores institucionais e financeiros, o grupo pretende criar outras num futuro pr&oacute;ximo, que se tornem auxiliares importantes para fins formativos e de investiga&ccedil;&atilde;o. "&Eacute; essencial algum conhecimento inform&aacute;tico para trabalhar nestas queries, mas nada de muito aprofundado", garantiu-nos o enfermeiro da Serpa Pinto. O mesmo profissional reconhece que o aperfei&ccedil;oamento do ME deveria ser assumido pelas institui&ccedil;&otilde;es detentoras das aplica&ccedil;&otilde;es SAM/SAPE e que, comparativamente com as op&ccedil;&otilde;es de VitaCare e MedicineOne nesta &aacute;rea, as ferramentas de consulta nascidas nas USF podem hoje ser olhadas com algum desd&eacute;m. Todavia, acrescenta... "quem n&atilde;o tem c&atilde;o, ca&ccedil;a com gato". Aparentemente, apenas um ou dois programadores foram alocados para o desenvolvimento inicial do ME, o que acabou por restringir as suas hip&oacute;teses de crescimento e deixar as equipas das USF entregues ao seu pr&oacute;prio engenho e improviso, ocupadas por exemplo com a desmultiplica&ccedil;&atilde;o das referidas queries. O enfermeiro da Serpa Pinto destaca, tamb&eacute;m, o car&aacute;cter intermitente do desenvolvimento do ME, a reboque das car&ecirc;ncias do momento. Algo que deixa as USF intranquilas: "no ano passado, durante o per&iacute;odo de vacina&ccedil;&atilde;o para a Gripe A, quem gere o ME carregou centralmente algumas queries, que nos permitiram listar obesos, gr&aacute;vidas de segundo e terceiro trimestre, asm&aacute;ticos, etc., no sentido de convocar os utentes para a vacina. Pens&aacute;mos, naquela altura, que esta seria uma tend&ecirc;ncia para continuar. Como n&atilde;o houve avan&ccedil;os e mais nada se soube, decidimos tentar mexer no programa". Todo o esfor&ccedil;o encetado pela USF Serpa Pinto na produ&ccedil;&atilde;o de ferramentas de consulta - apesar de roubar minutos preciosos &agrave;s tarefas assistenciais - acaba por compensar, garante Paulo Carvalho: "no in&iacute;cio, perdemos tempo a desenvolver estes processos. Mas agora, poupamos horas e ganhamos energia. Gra&ccedil;as a um simples clique, conseguimos perceber quais as pessoas a cumprir os par&acirc;metros dos indicadores e quais as que se mant&ecirc;m afastadas dos objectivos".

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