Jornal Médico - “Não podemos cair em grandes tiradas ideológicas”

O ex-ministro da Sa&uacute;de Lu&iacute;s Filipe Pereira - actualmente presidente executivo do Grupo EFACEC... O ex-ministro da Sa&uacute;de Lu&iacute;s Filipe Pereira - actualmente presidente executivo do Grupo EFACEC -, afirmou em declara&ccedil;&otilde;es ao nosso jornal que o SNS dever&aacute; sempre de ser preservado, nos seus princ&iacute;pios basilares, pelas provas que deu no passado: "nos &uacute;ltimos 30 anos, o SNS teve (apesar de todas as defici&ecirc;ncias) um percurso bastante positivo, na medida em ofereceu um servi&ccedil;o universal &agrave; popula&ccedil;&atilde;o portuguesa. Trata-se de uma oferta de qualidade, importante para o pa&iacute;s, embora com aspectos menos conseguidos. &Eacute; evidente que temos ainda de resolver problemas, como a recep&ccedil;&atilde;o dos doentes nas urg&ecirc;ncias, ou as listas de espera, que continuam a ser um flagelo". Para este ex-governante, h&aacute; sobretudo um aspecto fundamental no presente do SNS do qual ningu&eacute;m se pode abstrair: "&eacute; preciso perceber a nossa capacidade para continuar financiar o SNS, a 100%. &Eacute; importante tamb&eacute;m lembrar que a sociedade portuguesa n&atilde;o consegue crescer h&aacute; dez, onze anos. Ora, sem crescimento, &eacute; imposs&iacute;vel manter a situa&ccedil;&atilde;o actual. Dou um exemplo; desde 1995 e at&eacute; ao ano de 2010, os custos do SNS subiram de 3,1 bili&otilde;es de euros para 10 bili&otilde;es de euros, ao mesmo tempo que o crescimento do pa&iacute;s estagnou. As pessoas devem ter estes factos bem presentes". Assim, Lu&iacute;s Filipe Pereira diz-se um defensor ac&eacute;rrimo do SNS e da manuten&ccedil;&atilde;o das suas mais-valias, mas afirma por outro lado que todos os portugueses se devem concentrar na vertente cr&iacute;tica do financiamento: "n&atilde;o podemos cair em grandes tiradas ideol&oacute;gicas, que alimentam apenas as manchetes dos jornais". Relativamente &agrave; agita&ccedil;&atilde;o que tem tomado conta do pa&iacute;s - pontuada por inten&ccedil;&otilde;es de revis&atilde;o constitucional que rompem com a filosofia de gratuitidade geral do SNS, ou por manifestos e f&oacute;runs de apoio ao modelo contempor&acirc;neo -, o ex-ministro assegura que a reflex&atilde;o se tem processado de maneira pouco racional: "este &eacute; um debate feito, em grande medida, numa base ideol&oacute;gica. Muitas das iniciativas que t&ecirc;m vindo a lume s&atilde;o de cariz partid&aacute;rio, com o partido X a defender uma posi&ccedil;&atilde;o e o partido Y a defender a posi&ccedil;&atilde;o contr&aacute;ria. Todavia, o mais importante &eacute; olhar de frente para a realidade do SNS e dos seus custos, sempre numa perspectiva pr&aacute;tica. O que n&atilde;o se pode fazer &eacute; manter posi&ccedil;&otilde;es, partindo do pressuposto de que o SNS representa o mesmo que h&aacute; 30 anos atr&aacute;s. Na realidade, tudo muda e aquilo que era poss&iacute;vel h&aacute; tr&ecirc;s d&eacute;cadas, deixou de o ser". Ou seja, para Lu&iacute;s Filipe Pereira, chegou o momento de deixar os portugueses tomarem decis&otilde;es informadas e de se enveredar por "um debate s&eacute;rio".

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