Jornal Médico - Resiliência pessoal e profissional: As vantagens de fazer parte de um Grupo Balint

Fazer do contexto de trabalho um palco de transforma&ccedil;&atilde;o, depende do grau de desafio que esse contexto representa... Fazer do contexto de trabalho um palco de transforma&ccedil;&atilde;o, depende do grau de desafio que esse contexto representa e das compet&ecirc;ncias de cada indiv&iacute;duo. Nessa procura de instrumentos para aumentar a resili&ecirc;ncia pessoal e profissional, fazer parte de um grupo Balint constitui um passo importante, na medida em que os seus elementos ganham maior capacidade de auto-observa&ccedil;&atilde;o, confian&ccedil;a e compet&ecirc;ncia para lidarem com as suas pr&oacute;prias emo&ccedil;&otilde;es Fazer parte um Grupo Balint permite aos profissionais de sa&uacute;de "explorar e validar a sua percep&ccedil;&atilde;o sobre a influ&ecirc;ncia de factores emocionais na abordagem da doen&ccedil;a", aumentar a sua sensibilidade relativamente ao "impacto de factores emocionais e tipos de personalidade na rela&ccedil;&atilde;o m&eacute;dico-doente" e ganhar novas compet&ecirc;ncias para lidar com os desafios, afirmou a jovem m&eacute;dica de fam&iacute;lia In&ecirc;s Maio, da USF Amora Saud&aacute;vel, na sua interven&ccedil;&atilde;o sobre "resili&ecirc;ncia pessoal e profissional". O impacto dos grupos Balint na resili&ecirc;ncia pessoal e profissional &eacute; significativo, na medida em que estes grupos t&ecirc;m a finalidade de" levar o m&eacute;dico a reconhecer que n&atilde;o &eacute; o &uacute;nico a ter interac&ccedil;&otilde;es dif&iacute;ceis com os doentes". Por outro lado, permitem "desenvolver maior compreens&atilde;o e empatia com os pacientes", explorar "como as emo&ccedil;&otilde;es e os sentimentos afectam a rela&ccedil;&atilde;o m&eacute;dico-doente", ficar "mais atentos &agrave;s suas reac&ccedil;&otilde;es conscientes e inconscientes" e, por &uacute;ltimo, "expandir a sua capacidade de gerir situa&ccedil;&otilde;es dif&iacute;ceis". Seguindo a metodologia Balint, estes grupos criam uma oportunidade para os m&eacute;dicos reflectirem sobre o seu trabalho e constituem um espa&ccedil;o onde estes profissionais podem expor as contrariedades e frustra&ccedil;&otilde;es geradas no trabalho. Na perspectiva de In&ecirc;s Maio, fazer parte de um destes grupos pode ainda ajudar os m&eacute;dicos a "abrirem a mente a outras possibilidades de diagn&oacute;stico e de abordagem", providenciar "apoio e melhorar a satisfa&ccedil;&atilde;o profissional e a percep&ccedil;&atilde;o que o doente tem dos cuidados m&eacute;dicos", al&eacute;m de ajudar a prevenir o burnout. Elementos dos grupos Balint atingem maiores capacidades de observa&ccedil;&atilde;o anal&iacute;tica De acordo com a jovem m&eacute;dica de fam&iacute;lia, a discuss&atilde;o nestes grupos n&atilde;o ir&aacute; dizer ao m&eacute;dico como "fazer", n&atilde;o providencia respostas f&aacute;ceis, nem ir&aacute; resolver todos os problemas da rela&ccedil;&atilde;o m&eacute;dico-doente, mas "est&aacute; provado que os elementos que frequentam um grupo Balint atingem, ao longo do tempo, uma capacidade de observa&ccedil;&atilde;o mais anal&iacute;tica". Os m&eacute;dicos t&ecirc;m, por outro lado, "maior consci&ecirc;ncia da sua influ&ecirc;ncia pessoal, reflectem mais e conseguem ouvir melhor" o paciente. Outras conclus&otilde;es apontam para o facto de a participa&ccedil;&atilde;o num grupo Balint ser uma estrat&eacute;gia muito v&aacute;lida para lidar com a frustra&ccedil;&atilde;o, pois a partilha de emo&ccedil;&otilde;es deste tipo e a sua discuss&atilde;o inter-pares "promove a confian&ccedil;a do m&eacute;dico que relata um caso". Quanto aos restantes membros do grupo, "ganham maior capacidade de auto-observa&ccedil;&atilde;o, o que os ajuda posteriormente com os seus pr&oacute;prios doentes". Com efeito, In&ecirc;s Maio constatou, na sua pr&aacute;tica, que depois de uma sess&atilde;o, "quando voltamos para a consulta e nos deparamos com um doente dif&iacute;cil, sentimo-nos acompanhados pelos elementos do grupo Balint e com mais &acirc;nimo para prosseguir". Na sua perspectiva, o facto de fazer parte de um destes grupos "tem contribu&iacute;do para a consciencializa&ccedil;&atilde;o do meu desempenho e das minhas emo&ccedil;&otilde;es como m&eacute;dica de fam&iacute;lia". Fugir da adversidade n&atilde;o &eacute; solu&ccedil;&atilde;o A mesa redonda sobre "resili&ecirc;ncia pessoal e profissional" contou tamb&eacute;m com a participa&ccedil;&atilde;o de L&uacute;cia Neves, mestre em Ci&ecirc;ncias de Enfermagem pelo ICBAS e formadora da Associa&ccedil;&atilde;o Novahumanitas. Na opini&atilde;o desta especialista, os indiv&iacute;duos t&ecirc;m, para poderem gerir a sua vida, que "actuar em consci&ecirc;ncia e de acordo com o essencial de si mesmos" e, dessa forma, procurar a origem das tens&otilde;es internas e externas, evitando que estas degenerem em conflitos. Nessa mesma linha de ideias, o psic&oacute;logo Jo&atilde;o Leite defende que, no contexto de trabalho, a compet&ecirc;ncia para ler e analisar as situa&ccedil;&otilde;es &eacute; essencial. Fugir &agrave; adversidade n&atilde;o resolve nada, afirma, sendo fulcral" o desenvolvimento de estrat&eacute;gias e compet&ecirc;ncias" que permitam olhar para os problemas no trabalho "como desafios e n&atilde;o como amea&ccedil;as".

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