Jornal Médico - Distância entre sectores público e privado é cada vez menor

Em Portugal, a pr&aacute;tica da Medicina &eacute; quase sempre analisada numa perspectiva de "p&uacute;blico versus privado"... Em Portugal, a pr&aacute;tica da Medicina &eacute; quase sempre analisada numa perspectiva de "p&uacute;blico versus privado". Isto apesar de muitos m&eacute;dicos, desde sempre, acumularem fun&ccedil;&otilde;es nos dois contextos. Em Espinho, foi poss&iacute;vel concluir que, afinal de contas, as diferen&ccedil;as n&atilde;o s&atilde;o assim t&atilde;o pronunciadas e que pode existir esp&iacute;rito de equipa e ambi&ccedil;&atilde;o por resultados tanto no sector p&uacute;blico como num qualquer grupo econ&oacute;mico Com o advento dos grandes departamentos de Cl&iacute;nica Geral/Medicina Geral e Familiar nascidos no seio de hospitais pertencentes a grupos privados e a crescente din&acirc;mica de policl&iacute;nica a crescer por todo territ&oacute;rio portugu&ecirc;s (e correspondente redu&ccedil;&atilde;o do n&uacute;mero de consult&oacute;rios individuais de m&eacute;dicos de fam&iacute;lia), as consider&aacute;veis disparidades entre o trabalho desenvolvido nos centros de sa&uacute;de e aquele que se desenrolava no sector privado t&ecirc;m vindo a diminuir. Este &eacute; um facto indesment&iacute;vel, reconhecido pela opini&atilde;o p&uacute;blica e salientado por Jos&eacute; Robalo, no 9&ordm; Encontro de Internos de MGF e Jovens M&eacute;dicos de Fam&iacute;lia. Para o subdirector geral da Sa&uacute;de, o fosso que antes separava a pr&aacute;tica no sector privado da que se regista nos servi&ccedil;os p&uacute;blicos tem vindo a ser reduzido, embora subsistam algumas diferen&ccedil;as acentuadas, como acontece, por exemplo, no campo da contratualiza&ccedil;&atilde;o e avalia&ccedil;&atilde;o de desempenho: "&eacute; aqui que poder&aacute; haver ainda alguma diferencia&ccedil;&atilde;o. No universo p&uacute;blico, a contratualiza&ccedil;&atilde;o em marcha com as Unidades de Sa&uacute;de Familiar, por exemplo, parece adoptar um modelo relativamente leve, sendo que no sector privado estamos perante um contrato duro. Nas contratualiza&ccedil;&otilde;es leves, os profissionais s&atilde;o incumbidos de uma miss&atilde;o que lhes &eacute; pedida e recebem pagamentos adicionais se atingirem objectivos. Nada lhes &eacute; comprado, como acontece numa contratualiza&ccedil;&atilde;o dura". Por esta raz&atilde;o, Jos&eacute; Robalo est&aacute; convencido de que "trabalhar no meio privado pode ser gerador de maior stress, devido &agrave; contratualiza&ccedil;&atilde;o levada a cabo. Isto porque, no sistema p&uacute;blico, encontramos garantia de continuidade, mesmo que as pessoas n&atilde;o consigam cumprir os objectivos tra&ccedil;ados". Em Espinho, o subdirector geral da Sa&uacute;de defendeu que os m&eacute;dicos de fam&iacute;lia (MF) devem evitar ter um p&eacute; na actividade privada e outro no SNS, a bem de todas as partes envolvidas na presta&ccedil;&atilde;o de cuidados: "o trabalho do MF &eacute; t&atilde;o exigente e requer tantos compromissos, que o ideal &eacute; as pessoas optarem pelo sistema p&uacute;blico ou pelo privado. Na minha opini&atilde;o pessoal, ningu&eacute;m deveria estar simultaneamente nas duas &aacute;reas". Qualquer que seja o patr&atilde;o, &eacute; preciso evitar a desumaniza&ccedil;&atilde;o Ivone Mauroy da Fonseca integra actualmente o Departamento de Cl&iacute;nica Geral da Clip&oacute;voa - Hospital Privado (unidade detida pela Esp&iacute;rito Santo Sa&uacute;de). Depois de ter exercido Medicina no sector privado, esta m&eacute;dica transitou para o Servi&ccedil;o Nacional de Sa&uacute;de (SNS) - Centro de Sa&uacute;de Soares dos Reis, Hospital de Santo Ant&oacute;nio - e, anos mais tarde, com recurso a uma licen&ccedil;a sem vencimento de longa dura&ccedil;&atilde;o, regressou &agrave; cl&iacute;nica privada. Como tal, est&aacute; numa situa&ccedil;&atilde;o privilegiada para dar nota de como um MF enfrenta as duas experi&ecirc;ncias. "Podem-me perguntar porque me mantenho no sector privado. Bem, antes de mais porque me sinto muito bem!", testemunhou em Espinho. Aos jovens m&eacute;dicos que assistiram ao debate, Ivone Mauroy da Fonseca garantiu que no seu hospital conta com enorme facilidade de contacto com colegas de outras especialidades, velocidade nas respostas de outros t&eacute;cnicos e servi&ccedil;os de apoio. Como tamb&eacute;m pode visionar, sem delongas, resultados de meios complementares de diagn&oacute;stico. "S&atilde;o aspectos que considero extremamente importantes, no dia-a-dia, para que conservemos o interesse e a vontade de ficar onde estamos. Por outro lado, tenho de admitir que sou hoje mais bem remunerada do que seria se estivesse no SNS, no topo da carreira", reconheceu. "Lamento discordar do Dr. Robalo, mas sinto-me hoje menos stressada do que me sentia quando estava no sistema p&uacute;blico", afirmou, depois de assegurar que a entidade perante a qual responde lhe permitiu negociar o tempo semanal de consultas, o total de primeiras consultas a realizar e a organiza&ccedil;&atilde;o individualizada da agenda. H&aacute;, por&eacute;m, componentes em que p&uacute;blico e privado se devem equivaler, para que se consolide uma Medicina Familiar de qualidade, defendeu Ivone Mauroy da Fonseca: "os sectores p&uacute;blico e privado devem preocupar-se de igual modo em ser humanos. Os doentes apreciam ser consultados e tratados por profissionais com bons conhecimentos t&eacute;cnicos... E n&atilde;o por tecnocratas".

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