Jornal Médico - Afinal… há esperança para a reforma!

Resta uma boa dose de esperan&ccedil;a na rota dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios. Foi esta a mensagem deixada em Espinho por V&iacute;tor Ramos... Resta uma boa dose de esperan&ccedil;a na rota dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios. Foi esta a mensagem deixada em Espinho pelo coordenador do grupo estrat&eacute;gico para a reforma, V&iacute;tor Ramos e pelo presidente honor&aacute;rio da Associa&ccedil;&atilde;o Portuguesa de M&eacute;dicos de Cl&iacute;nica Geral, M&aacute;rio Moura, no encerramento do 15&ordm; Congresso Nacional. Mas para que a esperan&ccedil;a subsista, &eacute; preciso que as hostes n&atilde;o desmobilizem e novas din&acirc;micas de lideran&ccedil;a emerjam O coordenador do grupo estrat&eacute;gico para reforma dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios (GERCSP), V&iacute;tor Ramos, considera fundamental que todos os agentes do sector se concentrem em bem pilotar a reorganiza&ccedil;&atilde;o dos servi&ccedil;os, de modo a n&atilde;o deixar que a nau fique &agrave; deriva. No encerramento do 15&ordm; Congresso Nacional de Medicina Familiar, aquele dirigente (que &eacute; tamb&eacute;m m&eacute;dico de fam&iacute;lia na Unidade de Sa&uacute;de Familiar Marginal) acrescentou que cada vez mais os processos liderados em isolamento est&atilde;o destinados ao fracasso: "temos de acabar com a filosofia do l&iacute;der, do iluminado que vai &agrave; frente e &eacute; seguido por um conjunto de outras pessoas. Isto representa um desperd&iacute;cio imenso de energia, brio e talento. Temos de perseguir a utopia de organiza&ccedil;&otilde;es e equipas onde, de alguma maneira, todas lideram e todos s&atilde;o liderados ". O respons&aacute;vel m&aacute;ximo do GERCSP declarou perante os congressistas que, no seu entender, a governa&ccedil;&atilde;o cl&iacute;nica n&atilde;o &eacute; uma moda passageira e que esta se reflecte nos mais pequenos actos do dia-a-dia, em cada reuni&atilde;o que as equipas de sa&uacute;de realizam, para corrigir este ou aquele desvio. Mas, para V&iacute;tor Ramos, &eacute; essencial, antes de mais, que todos os profissionais de sa&uacute;de possuam um quadro de objectivos e de prop&oacute;sitos claros, num per&iacute;odo de mudan&ccedil;a: "&eacute; necess&aacute;rio que tenhamos um porto de destino. Caso contr&aacute;rio, ficaremos no meio do Atl&acirc;ntico!". Foi, sobretudo, uma interven&ccedil;&atilde;o motivadora, a de V&iacute;tor Ramos. Em Espinho, o coordenador estrat&eacute;gico apontou caminhos para os profissionais de sa&uacute;de melhorarem desempenhos e apelou &agrave; responsabiliza&ccedil;&atilde;o geral: "n&atilde;o podemos olhar para os indicadores, por exemplo, e pensar em deit&aacute;-los fora. O problema n&atilde;o reside nos indicadores em si e nos sistemas de monitoriza&ccedil;&atilde;o, porque sem eles, n&atilde;o podemos fazer esta viagem. O que h&aacute; a fazer &eacute; eliminar os indicadores inv&aacute;lidos e substitui-los por outros, inteligentes". Da mesma forma, V&iacute;tor Ramos assinala as infrut&iacute;feras investidas contra inimigos que podem assumir-se como verdadeiros aliados: "h&aacute; muitas coisas nos sistemas de informa&ccedil;&atilde;o que dependem de outros. Mas existem, tamb&eacute;m, elementos que dependem de n&oacute;s e da nossa efic&aacute;cia, como os registos cl&iacute;nicos". O m&eacute;dico da USF Marginal revelou &agrave; audi&ecirc;ncia um dos instrumentos te&oacute;ricos que, na sua perspectiva, mais potencial revela para fazer avan&ccedil;ar a reforma e desmultiplicar reflex&atilde;o sobre a mesma. A ferramenta em causa, um oct&oacute;gono da governa&ccedil;&atilde;o cl&iacute;nica e da qualidade, nasceu do Workshop Governa&ccedil;&atilde;o Cl&iacute;nica e de Sa&uacute;de realizado pela Associa&ccedil;&atilde;o Portuguesa de M&eacute;dicos de Cl&iacute;nica Geral (APMCG) na Consola&ccedil;&atilde;o (em Maio deste ano), no &acirc;mbito da sua pol&iacute;tica Projectar a D&eacute;cada: 2011-2020. Re&uacute;ne, num conjunto de eixos, todas as dimens&otilde;es indispens&aacute;veis a uma MGF moderna. "Na ocasi&atilde;o, conseguimos criar um constructo que sintetiza a enorme complexidade dos CSP e todos os aspectos com que temos de lidar", recordou V&iacute;tor Ramos. Trabalho em equipa &eacute; garante para o futuro O respons&aacute;vel pela orienta&ccedil;&atilde;o estrat&eacute;gica da reforma n&atilde;o escamoteou, em Espinho, as dificuldades que os CSP enfrentam e relembrou, at&eacute;, que "as Unidades de Cuidados de Sa&uacute;de Personalizados est&atilde;o a necessitar de orienta&ccedil;&otilde;es de enquadramento, as quais dever&atilde;o ficar definidas at&eacute; ao final do ano". Mais, disse compreender todos os colegas que pensam em reforma antecipada: "&eacute; claro que sem rumo, sem sentido, sem impacto, s&oacute; um tolo persistiria!". Mas a verdade &eacute; que V&iacute;tor Ramos acredita que esse sentido existe e est&aacute; ao alcance de todos os profissionais que trabalham nos CSP, &agrave; medida que as unidades funcionais dos agrupamentos de centros de sa&uacute;de se desenvolvem, conquistam o seu espa&ccedil;o e geram ambientes laborais favor&aacute;veis. Para melhor exemplificar o seu grau de confian&ccedil;a, V&iacute;tor Ramos socorreu-se do seu caso pessoal: "os &uacute;ltimos tr&ecirc;s anos da minha vida profissional foram os melhores. Isto porque trabalhei numa verdadeira equipa com um n&iacute;vel de entrosamento brutal e de conhecimento m&uacute;tuo". &Iacute;ndices de motiva&ccedil;&atilde;o n&atilde;o podem baixar "Contamos com uma insuficiente cobertura da nossa reforma dos CSP e as d&uacute;vidas mant&ecirc;m-se no ar. Isto resulta em mau estar para aqueles que entraram na reforma - e que n&atilde;o v&ecirc;em cumpridas as suas expectativas - e naqueles que ficaram de fora e transmitem algum sentimento de injusti&ccedil;a". A lebre foi levantada por M&aacute;rio Moura, presidente honor&aacute;rio da APMCG. O decano da Medicina Geral e Familiar portuguesa recordou que um elevado n&uacute;mero de profissionais entrou nesta aventura desencadeada com o surgimento das primeiras USF e que n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel, nesta fase, simplesmente destruir as expectativas dos mais en&eacute;rgicos: "houve pessoas que se lan&ccedil;aram no vazio, no desafio". Aos congressistas, o m&eacute;dico de fam&iacute;lia de Set&uacute;bal declarou ainda que a "a reforma deve agora dar passos de gigante" e que "a APMCG n&atilde;o pode ficar fora do processo". E como sempre acontece, a tutela tamb&eacute;m n&atilde;o escapou &agrave; an&aacute;lise cr&iacute;tica do decano da MGF: "se a tutela quer interessar-se pela continuidade da reforma, com certeza que aceitar&aacute; as sugest&otilde;es e ideias estruturadas pelo grupo estrat&eacute;gico liderado por V&iacute;tor Ramos". Para aquele que corporiza os ideais da Medicina Familiar em Portugal, os tempos actuais s&atilde;o de retic&ecirc;ncias, mas com sinais positivos a despontar, "com uma certa esperan&ccedil;a" no horizonte. "&Eacute; preciso, contudo, que os profissionais se motivem e agarrem as oportunidades. A continuidade da reforma depende do entusiasmo de todos os m&eacute;dicos de fam&iacute;lia", frisou. Por fim, o presidente honor&aacute;rio da APMCG deixou uma mensagem de alerta centrada no humanismo dos cuidados, princ&iacute;pio cada vez mais fundamental nos tempos que correm, de pr&aacute;tica apressada e por vezes indiferente &agrave;s conting&ecirc;ncias do indiv&iacute;duo e do meio social: "n&atilde;o pe&ccedil;am radiografias quando podem auscultar, n&atilde;o solicitem ecografias quando podem fazer palpa&ccedil;&atilde;o. Em suma, n&atilde;o desprezem a cl&iacute;nica, mesmo quando toda a Medicina tecnol&oacute;gica nos abafa".

Terceiro espaço

Mais lidas