Jornal Médico - Internacionalização: um caminho de futuro

As experi&ecirc;ncias internacionais, embora n&atilde;o obrigat&oacute;rias, s&atilde;o importantes para preparar o futuro m&eacute;dico de fam&iacute;lia... As experi&ecirc;ncias internacionais, embora n&atilde;o obrigat&oacute;rias, s&atilde;o importantes para preparar o futuro m&eacute;dico de fam&iacute;lia para trabalhar numa sociedade globalizada e multicultural. A realiza&ccedil;&atilde;o de est&aacute;gios &eacute; uma aposta importante da APMCG. Alexandre Gouveia, secret&aacute;rio da direc&ccedil;&atilde;o nacional da Associa&ccedil;&atilde;o, afirma que o impacte destes contactos al&eacute;m-fronteiras "pode ser relevante para a melhoria dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios nos sistemas de sa&uacute;de, bem como para o desenvolvimento profissional cont&iacute;nuo" &Eacute; hoje cada vez mais comum viver e trabalhar noutros pa&iacute;ses, bem como lidar com pacientes que falam outras l&iacute;nguas. Tiago Villanueva, interno da USF Alphamouro, refere que a este n&iacute;vel, mais do que a realiza&ccedil;&atilde;o de est&aacute;gios e programas de interc&acirc;mbio, frequentar cursos, participar em congressos e semin&aacute;rios, &eacute; importante a imers&atilde;o num ambiente social, cultural e lingu&iacute;stico diferente do habitual. Outra das vantagens reside no contacto com as melhores pr&aacute;ticas, sobretudo em pa&iacute;ses de refer&ecirc;ncia em cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios, como a Holanda, o Reino Unido, a Dinamarca, o Canad&aacute; ou a Austr&aacute;lia. Todas essas experi&ecirc;ncias "contribuem para o desenvolvimento de compet&ecirc;ncias espec&iacute;ficas, a cria&ccedil;&atilde;o de uma rede global de contactos pessoais e profissionais e a melhoria das compet&ecirc;ncias de comunica&ccedil;&atilde;o", assegura o jovem m&eacute;dico. No Porto, Villanueva destacou o facto de existirem, actualmente, v&aacute;rios programas de interc&acirc;mbio, de entre os quais sobressai o Programa Hip&oacute;crates, desenvolvido atrav&eacute;s do Movimento Vasco da Gama. "&Eacute; poss&iacute;vel que as experi&ecirc;ncias profissionais adquiram daqui para a frente uma import&acirc;ncia cada vez maior na forma&ccedil;&atilde;o dos internos de MGF", aponta. "Haver&aacute;, provavelmente, uma tend&ecirc;ncia para a crescente formaliza&ccedil;&atilde;o destas experi&ecirc;ncias e para a cria&ccedil;&atilde;o de din&acirc;micas transfronteiri&ccedil;as e multinacionais de forma&ccedil;&atilde;o e colabora&ccedil;&atilde;o", no &acirc;mbito de um verdadeiro mercado de trabalho europeu para m&eacute;dicos de fam&iacute;lia, destacou o m&eacute;dico. Impacte do contacto al&eacute;m-fronteiras &eacute; relevante para a melhoria dos CSP O desenvolvimento e aperfei&ccedil;oamento da especialidade de Medicina Geral e Familiar s&atilde;o potenciados pela colabora&ccedil;&atilde;o de m&eacute;dicos de fam&iacute;lia oriundos de diferentes pa&iacute;ses. A constitui&ccedil;&atilde;o da SIMG (Societas Internationalis Medicinae Generalis), em 1959, da WONCA (Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial de M&eacute;dicos de Fam&iacute;lia), em 1972, e da WONCA Europa, em 1993, s&atilde;o marcos importantes na cria&ccedil;&atilde;o de uma cultura de parceria internacional nos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios, afirma Alexandre Gouveia, secret&aacute;rio da direc&ccedil;&atilde;o nacional da Associa&ccedil;&atilde;o Portuguesa de M&eacute;dicos de Fam&iacute;lia (APMCG). Como membro da WONCA, a Associa&ccedil;&atilde;o colabora activamente nas actividades daquela organiza&ccedil;&atilde;o a n&iacute;vel europeu e mundial. "Os m&eacute;dicos de fam&iacute;lia portugueses podem ver desenvolvidos os seus conhecimentos, compet&ecirc;ncias e atitudes atrav&eacute;s da participa&ccedil;&atilde;o nas redes europeias de ensino (EURACT), investiga&ccedil;&atilde;o (EGPRN) e de garantia da qualidade (EquiP)". A cria&ccedil;&atilde;o do Movimento Vasco da Gama em 2004 - curiosamente, durante uma reuni&atilde;o de dirigentes internacionais na sede da APMCG -, cuja actividade visa o desenvolvimento do internato de MGF e da especialidade, assim como o desenvolvimento de programas de interc&acirc;mbio, constituiu outro marco importante de coopera&ccedil;&atilde;o internacional. Alexandre Gouveia assinala que "actualmente, os m&eacute;dicos de fam&iacute;lia podem estabelecer rela&ccedil;&otilde;es pessoais e t&eacute;cnico-profissionais em diversas &aacute;reas da MGF, logo desde o in&iacute;cio da sua forma&ccedil;&atilde;o, atrav&eacute;s da participa&ccedil;&atilde;o em redes e organismos internacionais". O impacte deste contacto al&eacute;m-fronteiras "pode ser relevante para a melhoria dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios nos diversos sistemas de sa&uacute;de, bem como para o desenvolvimento profissional cont&iacute;nuo". UEMO bate-se pelo reconhecimento da especialidade em toda a Europa A Isabel Caixeiro, presidente da Uni&atilde;o Europeia de Cl&iacute;nicos Gerais/M&eacute;dicos de Fam&iacute;lia (UEMO), coube falar das diversas correntes que, na Europa, influenciam a especialidade. Criada em 1967, a UEMO s&oacute; veria reconhecido o seu estatuto de associa&ccedil;&atilde;o de direito p&uacute;blico em 2009, ao abrigo da lei belga. Hoje, acolhe as mais representativas associa&ccedil;&otilde;es nacionais. Para al&eacute;m de defender os direitos da classe junto das institui&ccedil;&otilde;es europeias de relevo (em particular o Parlamento Europeu, a Comiss&atilde;o Europeia e o Conselho Europeu), coopera regularmente com o Comit&eacute; Permanente de M&eacute;dicos Europeus, a Uni&atilde;o Europeia de M&eacute;dicos Especialistas, a WONCA e a Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial de Sa&uacute;de (Regi&atilde;o Europa), entre outros parceiros privilegiados. Isabel Caixeiro classifica de "b&aacute;sico" o reconhecimento da MGF, enquanto especialidade, em toda a Europa. No entanto, h&aacute; pa&iacute;ses onde isso ainda n&atilde;o acontece. &Eacute; o caso da &Aacute;ustria, B&eacute;lgica, Bulg&aacute;ria, Reino Unido, It&aacute;lia, Luxemburgo, Gr&eacute;cia e a Finl&acirc;ndia. "At&eacute; no Reino Unido - que tem sido um modelo para o desenvolvimento do nosso SNS - s&oacute; recentemente foi introduzido o conceito de uma especialidade nesta &aacute;rea, em detrimento de uma medicina generalista", apontou. Apesar de lamentar o facto desse objectivo n&atilde;o poder ser atingido durante a presid&ecirc;ncia portuguesa da UEMO, que termina este ano, a m&eacute;dica de fam&iacute;lia assinala que "a pol&iacute;tica europeia, nos &uacute;ltimos anos, voltou a focar-se nos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios". As perspectivas s&atilde;o, portanto, animadoras, garante. Xavier Cos: investiga&ccedil;&atilde;o em CSP deve ser dirigida &agrave; ac&ccedil;&atilde;o O m&eacute;dico de fam&iacute;lia Xavier Cos, representante espanhol no EGPRN, defende que a investiga&ccedil;&atilde;o em cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios deve ser dirigida, sobretudo, para a ac&ccedil;&atilde;o e a tomada de decis&atilde;o. Requer, por isso, "pragmatismo". Dadas as dificuldades que os MF encontram no desenvolvimento de projectos abrangentes - falta de prepara&ccedil;&atilde;o metodol&oacute;gica, aus&ecirc;ncia de meios e de suporte t&eacute;cnico, falta de incentivo e de promo&ccedil;&atilde;o dos investigadores e falhas de coordena&ccedil;&atilde;o entre os diversos centros de investiga&ccedil;&atilde;o - o cl&iacute;nico defende que os internos e, em geral, os m&eacute;dicos de fam&iacute;lia, dever&atilde;o procurar "companheiros de viagem" al&eacute;m fronteiras, envolvendo-se mais em projectos e redes internacionais de investiga&ccedil;&atilde;o.

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