Jornal Médico - Medicina Familiar terá mais três doutorados

At&eacute; meados de Dezembro, a Medicina Familiar vai ter mais tr&ecirc;s doutorados... At&eacute; meados de Dezembro, a Medicina Familiar vai ter mais tr&ecirc;s doutorados. Andr&eacute; Biscaia ir&aacute; defender a sua tese de doutoramento no pr&oacute;ximo dia 17 de Novembro. A 10 de Dezembro ser&aacute; a vez de Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es e, no dia 17 do mesmo m&ecirc;s, a de Cristina Ribeiro. Estes doutoramentos representam um impulso para a disciplina de MGF que, no prazo de apenas um m&ecirc;s, ver&aacute; a percentagem dos seus doutorados crescer 25% A satisfa&ccedil;&atilde;o no trabalho dos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia dos centros de sa&uacute;de portugueses &eacute; o t&iacute;tulo da tese de doutoramento que Andr&eacute; Biscaia ir&aacute; defender, dentro de dias, no HIMT (Universidade Nova de Lisboa). Ao nosso jornal, o m&eacute;dico de fam&iacute;lia explica que "a satisfa&ccedil;&atilde;o no trabalho surge como elemento moderador entre as vari&aacute;veis das organiza&ccedil;&otilde;es e do universo pessoal do trabalhador". Os resultados da sua conjuga&ccedil;&atilde;o "t&ecirc;m consequ&ecirc;ncias pessoais para o trabalhador, para a organiza&ccedil;&atilde;o onde trabalha e para a comunidade". Apesar disso, " o sistema de sa&uacute;de n&atilde;o lhes tem dado a devida import&acirc;ncia", particularmente no que se refere aos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia. A escolha deste tema deve-se, assim, "&agrave; necessidade que senti de posicionar a satisfa&ccedil;&atilde;o no trabalho no lugar charneira que dever&aacute; ocupar na gest&atilde;o das unidades de sa&uacute;de", explica o m&eacute;dico de fam&iacute;lia da USF Marginal. Desvendando um pouco o v&eacute;u sobre o conte&uacute;do da sua tese de doutoramento, Andr&eacute; Biscaia fala das muitas viagens que realizou pelo pa&iacute;s fora. As suas investiga&ccedil;&otilde;es visam, "n&atilde;o apenas a produ&ccedil;&atilde;o de teoria mas passar &agrave; pr&aacute;tica e propor medidas concretas, adequadas ao contexto real" e suportadas pelas conclus&otilde;es dos estudos realizados. O primeiro, na &aacute;rea da investiga&ccedil;&atilde;o metodol&oacute;gica, traduziu-se na cria&ccedil;&atilde;o do instrumento de medida utilizado na investiga&ccedil;&atilde;o da satisfa&ccedil;&atilde;o do trabalho e das suas vari&aacute;veis numa regi&atilde;o de Portugal. Seguiu-se ent&atilde;o um estudo, seriado em tr&ecirc;s momentos, de um centro de sa&uacute;de e de uma unidade de sa&uacute;de familiar e, por &uacute;ltimo, um estudo qualitativo, multic&ecirc;ntrico, de an&aacute;lise de opini&atilde;o dos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia, chefias interm&eacute;dias e directores de centros de sa&uacute;de de diferentes regi&otilde;es do pa&iacute;s sobre os factores associados a esta tem&aacute;tica. A tese de doutoramento de Andr&eacute; Biscaia, orientada pelo Prof. Paulo Ferrinho, ter&aacute; como arguente o Prof. Doutor Vasco Maria. Da equipa tutorial fazem ainda parte o Prof. Doutor Armando Brito S&aacute; e o Dr. Wim Van Leberghe, respons&aacute;vel pelo relat&oacute;rio da OMS de 2008, dedicado aos Cuidados de Sa&uacute;de Prim&aacute;rios. Para Andr&eacute; Biscaia, a exist&ecirc;ncia de um n&uacute;mero cada vez maior de doutoramentos em Medicina Familiar tem uma enorme relev&acirc;ncia, na medida em que "o desenvolvimento da vertente acad&eacute;mica de uma &aacute;rea do conhecimento &eacute; sempre uma parte fundamental da sua afirma&ccedil;&atilde;o no presente e no futuro". Os doutoramentos "s&atilde;o uma pe&ccedil;a desse desenvolvimento, mas n&atilde;o a &uacute;nica", defende. "O que interessa &eacute; desenvolver a investiga&ccedil;&atilde;o na nossa &aacute;rea e isso consegue-se com forma&ccedil;&atilde;o adequada, acesso democr&aacute;tico &agrave; informa&ccedil;&atilde;o e tempo protegido para investigar". "Atitudes &eacute;ticas tornam-se mais firmes com o passar dos anos" &Eacute;tica e cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios &eacute; o tema da tese de doutoramento que Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es ir&aacute; defender, no pr&oacute;ximo dia 10 de Dezembro, na Universidade de Aveiro. "Sendo a &eacute;tica uma &aacute;rea a que me tenho dedicado nos &uacute;ltimos dez anos - fiz o Mestrado de Bio&eacute;tica da Faculdade de Medicina da Universidade Nova de Lisboa e desde o ano lectivo de 2003/2004 sou docente da Escola Superior de Sa&uacute;de da Universidade de Aveiro - era natural que fosse essa a tem&aacute;tica da minha tese". Por outro lado, "trabalho h&aacute; 24 anos nos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios e &eacute; natural que tenha sido sobre eles que lancei o meu olhar", explica o m&eacute;dico de fam&iacute;lia ao nosso jornal. Para a realiza&ccedil;&atilde;o deste trabalho de investiga&ccedil;&atilde;o, "foram inquiridos 370 profissionais de sa&uacute;de (180 m&eacute;dicos e 190 enfermeiros) dos centros de sa&uacute;de da regi&atilde;o Centro, com o objectivo de identificar e comparar o quadro de atitudes &eacute;ticas dos profissionais e os fundamentos que utilizam para a sua justifica&ccedil;&atilde;o na tomada de decis&atilde;o". De acordo com Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es, "os resultados apontam que as atitudes &eacute;ticas dos profissionais de sa&uacute;de n&atilde;o s&atilde;o influenci&aacute;veis, quer pela profiss&atilde;o, quer pelo g&eacute;nero". No entanto, "&agrave; medida que aumenta a idade e o n&uacute;mero de anos na profiss&atilde;o, essas atitudes &eacute;ticas tornam-se mais firmes". Os problemas &eacute;ticos nos CSP incidem, sobretudo, "nas preocupa&ccedil;&otilde;es do dia-a-dia da presta&ccedil;&atilde;o de cuidados, parecendo comuns frente &agrave;s situa&ccedil;&otilde;es cr&iacute;ticas, dilem&aacute;ticas, pr&oacute;prias dos cuidados hospitalares. A subtileza que os rodeia pode fazer com que passem despercebidos mas, na realidade, t&ecirc;m consequ&ecirc;ncias potencialmente desastrosas para os cuidados prestados aos pacientes, fam&iacute;lias e comunidade local". Os m&eacute;dicos e enfermeiros, em geral, "preocupam-se em preservar os direitos dos pacientes, mas fazem-no de forma a proteger as rela&ccedil;&otilde;es vinculares". Os cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios, "quando comparados com os hospitalares, lidam com factos e valores distintos e, por vezes, mais amplos e complexos - ainda que menos dram&aacute;ticos - justificando-se mais investiga&ccedil;&otilde;es para aprofundar este interface da bio&eacute;tica com os CSP". Doutoramentos em Medicina Familiar crescem 25% Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es teria "apreciado" que o j&uacute;ri que vai estar presente na sess&atilde;o de defesa da sua tese de doutoramento, no pr&oacute;ximo dia 10 de Dezembro, integrasse um ou mais doutorados da &aacute;rea da Medicina Familiar, &agrave; semelhan&ccedil;a com o que acontece com Andr&eacute; Biscaia e Cristina Ribeiro. Esse era tamb&eacute;m o desejo do seu orientador, o Prof. Doutor Rui Nunes. No entanto, tal n&atilde;o ir&aacute; acontecer. Como sublinha o m&eacute;dico de fam&iacute;lia, "n&atilde;o &eacute; a mim que me compete a escolha do j&uacute;ri" mas, sim, &agrave; Universidade de Aveiro. Apesar desta "falha", Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es sublinha o crescimento e o peso institucional que a disciplina de Medicina Familiar tem vindo a ganhar nos &uacute;ltimos anos. Com tr&ecirc;s doutoramentos no prazo de um m&ecirc;s, a MF ver&aacute; o n&uacute;mero dos seus doutores crescer em 25%. "Se forem aproveitados pelas v&aacute;rias escolas m&eacute;dicas para o ensino, sem d&uacute;vida que significar&aacute; um impulso da MGF a n&iacute;vel universit&aacute;rio", sublinha o m&eacute;dico de fam&iacute;lia da USF Marqu&ecirc;s de Marialva. Cristina Ribeiro defende o tema "A MGF e a abordagem ao &aacute;lcool" De acordo com a m&eacute;dica de fam&iacute;lia Cristina Ribeiro, "Portugal &eacute; um dos pa&iacute;ses que tem mantido um dos mais elevados consumos per capita de bebidas alco&oacute;licas na Europa e no mundo, originando problemas ligados ao &aacute;lcool (PLA) que t&ecirc;m uma repercuss&atilde;o importante na sa&uacute;de p&uacute;blica". Numerosos estudos demonstram que existe uma rela&ccedil;&atilde;o entre o consumo e a frequ&ecirc;ncia e gravidade de v&aacute;rias doen&ccedil;as. Ou seja, "a n&iacute;veis de consumo maiores correspondem taxas de mortalidade e morbilidade mais elevadas". Cristina Ribeiro, cujo trabalho, at&eacute; ao n&iacute;vel da Direc&ccedil;&atilde;o-Geral da Sa&uacute;de, tem sido particularmente vis&iacute;vel em termos da sensibiliza&ccedil;&atilde;o dos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia para interven&ccedil;&otilde;es breves na consulta, afirma que "20% dos doentes que utilizam os centros de sa&uacute;de ser&atilde;o consumidores excessivos". Na rotina di&aacute;ria, "apresentam-se com sintomas ou problemas cl&iacute;nicos, socio-familiares e laborais que, aparentemente, poder&atilde;o n&atilde;o estar associados directamente ao consumo de &aacute;lcool, sendo dif&iacute;ceis de identificar pelos MF". A m&eacute;dica de fam&iacute;lia defende, por isso, o potencial da utiliza&ccedil;&atilde;o de question&aacute;rios de detec&ccedil;&atilde;o dessas situa&ccedil;&otilde;es e tamb&eacute;m das interven&ccedil;&otilde;es breves nos CSP, destacando "a import&acirc;ncia da forma&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica neste &aacute;rea", assim como "o treino de compet&ecirc;ncias" e a "defini&ccedil;&atilde;o de uma rede de referencia&ccedil;&atilde;o, em articula&ccedil;&atilde;o com outros n&iacute;veis de cuidados". Contrariamente &agrave; situa&ccedil;&atilde;o de Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es, o j&uacute;ri que presidir&aacute; &agrave; sess&atilde;o de defesa da tese de Cristina Ribeiro engloba uma vasta representa&ccedil;&atilde;o de doutorados da Medicina Familiar. Nomeadamente, os Prof. Doutores Pinto Hespanhol, Vasco Maria e Lu&iacute;s Miguel Rebelo. Cristina Ribeiro destaca a necessidade de "termos uma boa representatividade no que se refere a doutorados em MGF, uma vez que &eacute; uma disciplina acad&eacute;mica e cient&iacute;fica, com os seus pr&oacute;prios conte&uacute;dos educacionais e de investiga&ccedil;&atilde;o, base de evid&ecirc;ncia e actividade cl&iacute;nica". Nas universidades, "&eacute; importante que possamos assegurar, ao n&iacute;vel do ensino pr&eacute;-graduado, uma identidade pr&oacute;pria, com um corpo docente s&oacute;lido e de valor reconhecido".

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