Jornal Médico - Serviço de Terapia Compressiva é referência para o ACES

O servi&ccedil;o de tratamento de &uacute;lceras de perna da UCSP Santa Comba D&atilde;o constitui uma refer&ecirc;ncia para todas as unidades funcionais do ACES D&atilde;o Laf&otilde;es III... O servi&ccedil;o de tratamento de &uacute;lceras de perna da UCSP Santa Comba D&atilde;o constitui uma refer&ecirc;ncia para todas as unidades funcionais do ACES D&atilde;o Laf&otilde;es III. Com o apoio do director executivo, Jos&eacute; Ramos Craveiro, os respons&aacute;veis por este servi&ccedil;o v&atilde;o liderar um projecto de forma&ccedil;&atilde;o de outros profissionais do agrupamento. O objectivo &eacute; uniformizar procedimentos, disseminar as boas pr&aacute;ticas e diminuir o tempo de tratamento dos doentes com feridas cr&oacute;nicas As &uacute;lceras da perna t&ecirc;m uma preval&ecirc;ncia elevada no nosso pa&iacute;s: 1,5 a 3 indiv&iacute;duos por mil. Esta situa&ccedil;&atilde;o representa, para os servi&ccedil;os de sa&uacute;de, "um enorme consumo de recursos, quer humanos, quer materiais", aponta o enfermeiro-chefe da UCSP Santa Comba D&atilde;o, Jos&eacute; Manuel Costa. Com os m&eacute;todos de tratamento "cl&aacute;ssicos", as taxas de cicatriza&ccedil;&atilde;o s&atilde;o muito reduzidas e as recidivas frequentes. "Os doentes mant&ecirc;m-se em tratamento anos e anos, sem quaisquer resultados e com elevado d&eacute;fice de qualidade de vida", acrescenta aquele profissional. Em 2005, o servi&ccedil;o de enfermagem do Centro de Sa&uacute;de de Santa Comba D&atilde;o atendia cerca de 32 doentes com &uacute;lcera de perna. "Sendo a terapia compressiva, reconhecidamente, o &uacute;nico m&eacute;todo eficaz no tratamento e cicatriza&ccedil;&atilde;o das &uacute;lceras de perna de origem venosa", Jos&eacute; Manuel Costa, com o apoio incondicional do ent&atilde;o Director do Centro de Sa&uacute;de, Ant&oacute;nio Pegado, conseguiu reunir as condi&ccedil;&otilde;es necess&aacute;rias - forma&ccedil;&atilde;o dos profissionais, adequa&ccedil;&atilde;o de instala&ccedil;&otilde;es e aquisi&ccedil;&atilde;o de equipamento - para implementar a t&eacute;cnica de Terapia Compressiva. Nos dois primeiros anos, foram atendidos 79 doentes. Cerca de 65% vindos de outros concelhos. A taxa de cicatriza&ccedil;&atilde;o ronda agora os 80% &agrave;s 12 semanas de tratamento, "um valor que ultrapassou largamente as nossas expectativas", confessa Jos&eacute; Manuel Costa. Desde 2005 at&eacute; agora, j&aacute; passaram por aquele servi&ccedil;o mais de 200 pessoas, que continuam a ser monitorizados pelos enfermeiros. O objectivo &eacute; evitar recidivas. Em tratamento est&atilde;o actualmente 30 doentes com &uacute;lceras activas, o que corresponde &agrave; capacidade m&aacute;xima da equipa. Base de dados foi desenvolvida pelo pr&oacute;prio servi&ccedil;o "A primeira vez que ouvi falar de terapia compressiva foi em eventos organizados pelo GAIF (Grupo Associativo de Investiga&ccedil;&atilde;o em Feridas), com sede em Pampilhosa da Serra", recorda o enfermeiro-chefe da unidade. Tempos depois, frequentou, em Oxford, um curso de forma&ccedil;&atilde;o sobre o tema e todas as suas d&uacute;vidas sobre a efectividade do tratamento "desapareceram". A diferen&ccedil;a entre este m&eacute;todo e o tratamento tradicional situa-se, essencialmente, na abordagem diferente do problema. "N&atilde;o h&aacute; diferen&ccedil;a nos materiais utilizados, mas enquanto o m&eacute;todo tradicional procura tratar a ferida, na terapia compressiva tamb&eacute;m se actua sobre a insufici&ecirc;ncia venosa, ou seja, a causa da les&atilde;o", explica o enfermeiro Manuel Cruz. Na verdade, "and&aacute;mos anos e anos - e boa parte das unidades de sa&uacute;de ainda continua a faz&ecirc;-lo - a centrarmo-nos exclusivamente na les&atilde;o, sem abordarmos o problema globalmente". Para a implementa&ccedil;&atilde;o do servi&ccedil;o, "o investimento cingiu-se &agrave; coloca&ccedil;&atilde;o de uma base de chuveiro na sala de tratamentos - pois o Centro de Sa&uacute;de j&aacute; tinha dois Doppler port&aacute;teis - &agrave; aquisi&ccedil;&atilde;o de uma m&aacute;quina fotogr&aacute;fica, um ox&iacute;metro, um computador e uma base de dados desenvolvida por Manuel Cruz". Especializa&ccedil;&atilde;o representou um importante salto qualitativo No in&iacute;cio, "todos os enfermeiros faziam terapia compressiva" mas, dois meses mais tarde chegou-se &agrave; conclus&atilde;o de que " era necess&aacute;rio investir numa maior especializa&ccedil;&atilde;o". Essa mudan&ccedil;a de estrat&eacute;gia traduziu-se, segundo o enfermeiro-chefe, "num enorme salto qualitativo". Actualmente, a equipa &eacute; constitu&iacute;da pelos enfermeiros Manuel Cruz, Maria de Jesus Silva, Armando Camoesas e ainda pela m&eacute;dica de fam&iacute;lia Fernanda Pegado. O enfermeiro-chefe do Centro de Sa&uacute;de, Jos&eacute; Manuel Mota (na imagem, com enfermeiro Manuel Cruz), salienta que a especializa&ccedil;&atilde;o dos profissionais se traduziu num "enorme salto qualitativo" "Sendo um grupo mais restrito, torna-se mais f&aacute;cil trabalhar de acordo com as Boas Pr&aacute;ticas. E isso, penso eu, tem feito toda a diferen&ccedil;a", explica o enfermeiro-chefe. Inicialmente, as consultas eram programadas duas vezes por semana. Mas, face aos bons resultados obtidos, "os doentes come&ccedil;aram a chegar de muitos outros lugares do pa&iacute;s". O sucesso obrigou mesmo a um aumento do n&uacute;mero de horas dedicadas &agrave; consulta. Actualmente, o servi&ccedil;o funciona todos os dias da semana, sem interrup&ccedil;&atilde;o. Impacto na qualidade de vida dos doentes "&eacute; impressionante" O acesso dos doentes ao servi&ccedil;o faz-se atrav&eacute;s do respectivo m&eacute;dico ou enfermeiro de fam&iacute;lia e, no caso das pessoas que pertencem a outros concelhos, por marca&ccedil;&atilde;o telef&oacute;nica. Na consulta inicial, o doente &eacute; avaliado com o objectivo de determinar se o seu caso apresenta os crit&eacute;rios para a utiliza&ccedil;&atilde;o deste m&eacute;todo terap&ecirc;utico, aplic&aacute;vel em cerca de 85% dos casos. A avalia&ccedil;&atilde;o global do doente e da pr&oacute;pria ferida, a realiza&ccedil;&atilde;o de Dopller e determina&ccedil;&atilde;o do IPTB &eacute; efectuada pelos enfermeiros. Quando necess&aacute;rio, o doente &eacute; sujeito a uma avalia&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica. A partir da&iacute;, d&aacute;-se in&iacute;cio ao tratamento. Hoje, praticamente n&atilde;o existem doentes com &uacute;lcera da perna no concelho de Santa Comba D&atilde;o (os casos de recidiva s&atilde;o muito reduzidos e os profissionais de sa&uacute;de apostam muito na preven&ccedil;&atilde;o), mas o servi&ccedil;o continua a ser procurado por gente de todos os pontos do pa&iacute;s, o que fez com que as listas de espera disparassem para seis meses, em m&eacute;dia. Actualmente, o servi&ccedil;o &eacute; assegurado pelos enfermeiros Manuel Cruz, Maria de Jesus Silva e Armando Camoesas, com o apoio da m&eacute;dica de fam&iacute;lia Fernanda Pegado De Coimbra chega muita gente. Alguns doentes v&ecirc;m referenciados, de forma informal, pela Consulta da Dor dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC). "Inclusivamente, j&aacute; a fazer opi&oacute;ides". Ali&aacute;s, "quando a abordagem n&atilde;o &eacute; correcta, a dor &eacute; uma consequ&ecirc;ncia inevit&aacute;vel", explica o enfermeiro-chefe. Por vezes, chegam &agrave; consulta pessoas que arrastam a doen&ccedil;a h&aacute; 10, 20, ou at&eacute; 30 anos. A dor, o cheiro intenso e desagrad&aacute;vel, as marcas que deixam no ch&atilde;o pela quantidade de exsudado das feridas, os edemas, s&atilde;o os sinais mais evidentes de uma doen&ccedil;a que deixa marcas, n&atilde;o s&oacute; f&iacute;sicas como mentais. "Na segunda ou terceira semana de tratamento, o cheio desaparece, a dor diminui progressivamente, as pessoas come&ccedil;am a poder cal&ccedil;ar-se...". Alguns relatos s&atilde;o impressionantes. Desde uma doente que chega &agrave; consulta j&aacute; com indica&ccedil;&atilde;o para amputa&ccedil;&atilde;o por parte dos servi&ccedil;os hospitalares e que, contra todos os progn&oacute;sticos, consegue curar-se, at&eacute; aqueles av&oacute;s que deixaram de ver os netos porque os mi&uacute;dos sentem repulsa pelo odor das feridas...Ou aquele outro velhote, de uma aldeia do concelho de Vouzela que, duas semanas depois de iniciar o tratamento, confidencia ao enfermeiro que, agora at&eacute; j&aacute; se pode sentar ao lado das outras pessoas, na missa. Dantes, n&atilde;o passava da porta, envergonhado, por causa do mau cheiro... Uniformiza&ccedil;&atilde;o de procedimentos em todo o ACES As mais-valias, para os utentes, e para o pr&oacute;prio servi&ccedil;o de sa&uacute;de, em termos da redu&ccedil;&atilde;o de custos humanos e financeiros, fez surgir, por parte da direc&ccedil;&atilde;o do ACES, uma proposta no sentido de uniformizar procedimentos em todas as unidades funcionais do agrupamento. A pr&oacute;pria base de dados utilizada pela UCSP de Santa Comba D&atilde;o est&aacute; a ser melhorada, com o objectivo de permitir a monitoriza&ccedil;&atilde;o e o registo online do processo dos doentes em todo o ACES. A verdade &eacute; que, com a reorganiza&ccedil;&atilde;o das unidades do ACES, os profissionais sentiram algumas dificuldades em termos da continuidade do servi&ccedil;o. "Hoje, podemos dizer que essa situa&ccedil;&atilde;o foi ultrapassada. Neste momento, contamos com toda a colabora&ccedil;&atilde;o do director executivo do Agrupamento e da coordenadora da UCSP", a m&eacute;dica de fam&iacute;lia Ana Paula Dur&atilde;es, aponta o enfermeiro Manuel Cruz. "O servi&ccedil;o representa um esfor&ccedil;o adicional mas, como equipa, todos os profissionais reconhecem as mais-valias que representa para a melhoria da qualidade de vida dos doentes e o seu impacto ao n&iacute;vel da redu&ccedil;&atilde;o de custos". O projecto de forma&ccedil;&atilde;o, que ir&aacute; arrancar ainda este m&ecirc;s, dever&aacute; prolongar-se at&eacute; Abril ou Maio de 2011. O objectivo &eacute; reduzir significativamente as disparidades existentes entre as diferentes unidades funcionais do ACES.

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