Jornal Médico - Academia da Saúde arranca em Janeiro

A primeira fase &eacute; dirigida &agrave;s pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, portadoras de doen&ccedil;a cr&oacute;nica, mas o objectivo &eacute; estend&ecirc;-lo, progressivamente, &agrave; popula&ccedil;&atilde;o em geral A unidade de cuidados de sa&uacute;de personalizados Ferreira do Alentejo, est&aacute; prestes a lan&ccedil;ar a Academia da Sa&uacute;de. Este projecto inovador visa melhorar a sa&uacute;de da comunidade. A primeira fase &eacute; dirigida &agrave;s pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, portadoras de doen&ccedil;a cr&oacute;nica, mas o objectivo &eacute; estend&ecirc;-lo, progressivamente, &agrave; popula&ccedil;&atilde;o em geral Foram os alunos de Enfermagem Comunit&aacute;ria da Escola Superior de Sa&uacute;de de Beja que deram corpo &agrave; ideia, atrav&eacute;s da realiza&ccedil;&atilde;o do diagn&oacute;stico pr&eacute;vio das necessidades em sa&uacute;de em Ferreira do Alentejo. De acordo com Jorge Santos, coordenador da UCSP, a inscri&ccedil;&atilde;o dos utentes na Academia da Sa&uacute;de j&aacute; come&ccedil;ou, prevendo-se que o in&iacute;cio das "aulas" ocorra na segunda semana do pr&oacute;ximo m&ecirc;s de Janeiro. 23,8% da popula&ccedil;&atilde;o tem mais de 65 anos De acordo com as conclus&otilde;es do estudo, 23,8% da popula&ccedil;&atilde;o (cerca de 8.132 pessoas numa &aacute;rea de mais de 652 Km2) tem mais de 65 anos. Muitos utentes apresentam um quadro de multipatologia, com o qual n&atilde;o conseguem lidar facilmente. O resultado &eacute; o recurso frequente (at&eacute; sete vezes por ano) ao servi&ccedil;o de atendimento complementar, por descompensa&ccedil;&atilde;o de doen&ccedil;as cr&oacute;nicas. Para complicar o quadro, regista-se nesta popula&ccedil;&atilde;o uma taxa de analfabetismo que ronda os 20%. Neste panorama, os estudantes de enfermagem identificaram quatro &aacute;reas primordiais que requerem a interven&ccedil;&atilde;o dos profissionais de sa&uacute;de: a "fraca motiva&ccedil;&atilde;o e desconhecimento sobre a sa&uacute;de, no que respeita a h&aacute;bitos saud&aacute;veis e tamb&eacute;m sobre as respostas de sa&uacute;de". Segue-se a constata&ccedil;&atilde;o de que "&eacute; a popula&ccedil;&atilde;o mais velha que mais recorre aos servi&ccedil;os de sa&uacute;de e que mais recursos utiliza". A procura dos servi&ccedil;os "&eacute; inadequada em rela&ccedil;&atilde;o ao benef&iacute;cio de sa&uacute;de das pessoas e da comunidade" e, por &uacute;ltimo, verifica-se "uma grande preval&ecirc;ncia da doen&ccedil;a cr&oacute;nica e a inexist&ecirc;ncia de estrat&eacute;gias de gest&atilde;o" adequadas a essa classe de patologias. Parceria com a C&acirc;mara Municipal A Academia da Sa&uacute;de surge com objectivo de "promover a literacia em sa&uacute;de", sobretudo na gest&atilde;o da doen&ccedil;a cr&oacute;nica. A meta, para 2011, &eacute; levar pelo menos 50% dos doentes cr&oacute;nicos e respectivos cuidadores a frequentarem as "aulas" e aumentar em 70%, no m&iacute;nimo, a ades&atilde;o aos planos de tratamento e de vigil&acirc;ncia inerentes &agrave; sua situa&ccedil;&atilde;o cl&iacute;nica. O projecto, que registou a ades&atilde;o da C&acirc;mara Municipal de Ferreira do Alentejo, juntas de freguesia e a Associa&ccedil;&atilde;o para o Desenvolvimento Terras do Regadio (ADTR), vai ser executado por enfermeiros da UCSP e formadores das restantes institui&ccedil;&otilde;es envolvidas, com a coordena&ccedil;&atilde;o do respons&aacute;vel da UCSP. Ao delinear a Academia da Sa&uacute;de, foram tomadas em linha de conta as quatro &aacute;reas de compet&ecirc;ncia em literacia em sa&uacute;de, definidas pela Organiza&ccedil;&atilde;o da Sa&uacute;de: conhecimentos b&aacute;sicos que "facilitam a adop&ccedil;&atilde;o de comportamentos protectores da sa&uacute;de e de preven&ccedil;&atilde;o da doen&ccedil;a, bem como o auto-cuidado"; compet&ecirc;ncias do doente "para se orientar no sistema de sa&uacute;de e agir como um parceiro activo dos profissionais"; conhecimentos enquanto consumidor, "para tomar decis&otilde;es na selec&ccedil;&atilde;o de bens e servi&ccedil;os" e, por &uacute;ltimo, compet&ecirc;ncias como cidad&atilde;o, "atrav&eacute;s do conhecimento dos seus direitos, participa&ccedil;&atilde;o no debate de assuntos de sa&uacute;de e perten&ccedil;a a associa&ccedil;&otilde;es de doentes". Custos directos e indirectos n&atilde;o atingem 5 mil euros O projecto tem vindo a ser divulgado, desde Novembro, nos sites da autarquia, Unidade Local de Sa&uacute;de do Baixo Alentejo e ADTR, bem como atrav&eacute;s da r&aacute;dio local, do boletim informativo da c&acirc;mara municipal e de cartazes e panfletos com o log&oacute;tipo da Academia. As previs&otilde;es apontam que os encargos do projecto - directos e indirectos - n&atilde;o chegam a atingir os cinco mil euros. Recursos humanos: equipa m&eacute;dica pode ver-se reduzida a metade Com mais um m&eacute;dico &agrave; beira de atingir a idade da reforma, a unidade de cuidados de sa&uacute;de personalizados (UCSP) Ferreira do Alentejo arrisca-se a ficar, dentro em breve, com cerca de 57% do n&uacute;mero de profissionais m&eacute;dicos contemplados no quadro. De acordo com Jorge Santos, a unidade possu&iacute;a sete m&eacute;dicos. A primeira "baixa" deu-se com a sa&iacute;da de um m&eacute;dico cubano, que n&atilde;o foi substitu&iacute;do. A esta sa&iacute;da, junta-se uma aposenta&ccedil;&atilde;o j&aacute; efectivada e outra na "calha", que ir&atilde;o fazer com que aproximadamente 4 mil utentes deixem de ter m&eacute;dico de fam&iacute;lia atribu&iacute;do. "A impossibilidade de contratar colegas j&aacute; aposentados, a dificuldade em arranjar m&eacute;dicos contrat&aacute;veis e, por &uacute;ltimo, a remunera&ccedil;&atilde;o que lhes &eacute; oferecida" torna a situa&ccedil;&atilde;o dif&iacute;cil de resolver. Jorge Santos explica que "muitos colegas, ligados a empresas de presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os, s&atilde;o pagos &agrave; hora. Isso significa que ganham muito mais do que aquilo que nos &eacute; poss&iacute;vel pagar-lhes em termos de contrato individual de trabalho". Os utentes que n&atilde;o possuem m&eacute;dico de fam&iacute;lia s&atilde;o apoiados pelo Atendimento Complementar. No entanto, algumas situa&ccedil;&otilde;es espec&iacute;ficas s&atilde;o seguidas pelo coordenador da UCSP que, al&eacute;m da sua pr&oacute;pria lista de utentes, d&aacute; apoio a grupos vulner&aacute;veis e de risco que necessitam de consultas regulares, como &eacute; o caso das crian&ccedil;as, gr&aacute;vidas, doentes hipocoagulados e outras situa&ccedil;&otilde;es cr&oacute;nicas.

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