Jornal Médico - Região Centro tem mais um Doutor!

O doutoramento de Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es, m&eacute;dico de fam&iacute;lia e docente da Escola de Ci&ecirc;ncias da Sa&uacute;de da Universidade de Aveiro representa "a concretiza&ccedil;&atilde;o de um sonho" O doutoramento de Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es, m&eacute;dico de fam&iacute;lia e docente da Escola de Ci&ecirc;ncias da Sa&uacute;de da Universidade de Aveiro representa "a concretiza&ccedil;&atilde;o de um sonho". Para tr&aacute;s ficaram os fins-de-semana de intenso trabalho e noites sem dormir...Os projectos, agora, passam pela doc&ecirc;ncia na futura universidade de Medicina de Aveiro, pela continua&ccedil;&atilde;o da investiga&ccedil;&atilde;o e da actividade cl&iacute;nica na USF Marqu&ecirc;s de Marialva e, no futuro, pela agrega&ccedil;&atilde;o Jornal M&eacute;dico de Fam&iacute;lia - Acaba de obter o doutoramento em Ci&ecirc;ncias da Sa&uacute;de com a defesa da tese "&Eacute;tica e cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios. Um estudo descritivo em centros de sa&uacute;de". Quando iniciou a investiga&ccedil;&atilde;o? Foi muito complicado aliar o trabalho numa USF, o ensino na Escola Superior de Sa&uacute;de da Universidade de Aveiro e a investiga&ccedil;&atilde;o? Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es - Este processo de doutoramento iniciou-se no final de 2005, ainda eu estava a trabalhar no Centro de Sa&uacute;de (CS) de G&oacute;is, com a apresenta&ccedil;&atilde;o do projecto de tese. Durante o ano de 2006 fiz a constru&ccedil;&atilde;o da escala de atitudes &eacute;ticas e o question&aacute;rio que viria a utilizar na minha investiga&ccedil;&atilde;o. Nesse trabalho tive um grande apoio do agora tamb&eacute;m Doutor Andr&eacute; Biscaia. O ano de 2007 foi dedicado ao trabalho de campo, inicialmente com a valida&ccedil;&atilde;o da escala e posteriormente com o desenvolvimento da investiga&ccedil;&atilde;o, tendo-se prolongado a recolha dos question&aacute;rios at&eacute; Abril de 2008. Seguiu-se o trabalho de an&aacute;lise dos dados e a redac&ccedil;&atilde;o da tese, que terminei no final de 2009. Todo o ano de 2010 foi de espera, longa, pela constitui&ccedil;&atilde;o do J&uacute;ri e marca&ccedil;&atilde;o da data de defesa, o que s&oacute; veio a acontecer a 10 de Dezembro. Em G&oacute;is beneficiei, desde o ano de 2000, quando iniciei o meu mestrado em Bio&eacute;tica na Faculdade de Medicina de Lisboa, da possibilidade de desenvolver o meu hor&aacute;rio semanal de trabalho no CS em quatro dias &uacute;teis. Naquela altura, a minha directora, a Dra. Branca Cabe&ccedil;as, concordou com esse hor&aacute;rio e isso permitiu-me dispor de um dia por semana para me dedicar ao estudo e &agrave; investiga&ccedil;&atilde;o. Devo precisar que n&atilde;o tive redu&ccedil;&atilde;o de hor&aacute;rio; que cumpria todo o tempo semanal, s&oacute; que em quatro em vez de cinco dias. A partir de Setembro de 2003, com a minha contrata&ccedil;&atilde;o, em acumula&ccedil;&atilde;o de fun&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas, pela Universidade de Aveiro, para a doc&ecirc;ncia de disciplinas de &Eacute;tica na Escola Superior de Sa&uacute;de, passei, tamb&eacute;m, a leccionar. A Dra. Ros&aacute;rio Quinta Ferreira, que dirigiu o CS de G&oacute;is ap&oacute;s a sa&iacute;da da Dra. Branca, concordou que eu mantivesse o mesmo hor&aacute;rio e assim pude iniciar o meu processo de doutoramento. Em Outubro de 2006 fui transferido, por concurso, para o Centro de Sa&uacute;de de Cantanhede e o seu director, Dr. Carlos Ordens, tamb&eacute;m concordou que eu mantivesse o hor&aacute;rio anterior, tendo assim a possibilidade de manter a liga&ccedil;&atilde;o &agrave; Universidade de Aveiro. Em Julho de 2007, iniciou-se a actividade da USF Marqu&ecirc;s de Marialva e, em equipa, organiz&aacute;mos o meu hor&aacute;rio de modo a permitir manter a actividade docente. Como Cantanhede est&aacute; mais pr&oacute;ximo de Aveiro do que G&oacute;is, pude passar de um dia inteiro para dois meios-dias e assim continuar a desenvolver a doc&ecirc;ncia e a investiga&ccedil;&atilde;o para o doutoramento. Devo aqui deixar expresso o meu agradecimento a todos os profissionais da USF Marqu&ecirc;s de Marialva pelo apoio e est&iacute;mulo que sempre me manifestaram. No entanto, todo o processo exigiu dedica&ccedil;&atilde;o. Particularmente, a an&aacute;lise dos dados e a escrita da tese foram essencialmente feitas ao fim de semana, com algum sacrif&iacute;cio da vida familiar, pelo que agrade&ccedil;o tamb&eacute;m o apoio que a minha fam&iacute;lia me concedeu. Quais as principais conclus&otilde;es da sua investiga&ccedil;&atilde;o? Considerando "mais firme" a obten&ccedil;&atilde;o de valores superiores na avalia&ccedil;&atilde;o feita pela escala que constru&iacute;, pude concluir para os profissionais de sa&uacute;de (m&eacute;dicos e enfermeiros) de centros de sa&uacute;de da ARS Centro, que responderam voluntariamente ao question&aacute;rio, que as suas atitudes &eacute;ticas parecem ser mais firmes nas rela&ccedil;&otilde;es dos profissionais com os pacientes e suas fam&iacute;lias, do que nas rela&ccedil;&otilde;es inter-profissionais e inter-pares, ou na gest&atilde;o/organiza&ccedil;&atilde;o do centro de sa&uacute;de/sistema de sa&uacute;de. As atitudes &eacute;ticas dos profissionais de sa&uacute;de n&atilde;o s&atilde;o influenci&aacute;veis pela profiss&atilde;o (m&eacute;dico ou enfermeiro), nem pelo g&eacute;nero (masculino ou feminino) e &agrave; medida que aumenta a idade e o n&uacute;mero de anos de profiss&atilde;o essas atitudes tornam-se mais firmes. Parecem ser mais firmes nas sub-regi&otilde;es de Viseu e de Aveiro e, no que diz respeito &agrave;s rela&ccedil;&otilde;es com os pacientes e suas fam&iacute;lias, nos profissionais de sa&uacute;de que trabalham na &aacute;rea urbana. Os profissionais de sa&uacute;de estudados utilizam, na tomada de decis&atilde;o frente a problemas &eacute;ticos, atitudes principalmente justificadas pelas &Eacute;tica Principialista e &Eacute;tica Profissional, embora tamb&eacute;m recorram a justifica&ccedil;&otilde;es da &Eacute;tica do Cuidado e, em menor n&uacute;mero, da &Eacute;tica Casu&iacute;stica e da &Eacute;tica das Virtudes. Na sua perspectiva, e tendo em conta o trabalho que j&aacute; desenvolveu nesta &aacute;rea, considera que estes resultados s&atilde;o bons? N&atilde;o me &eacute; poss&iacute;vel afirm&aacute;-lo. Este foi um estudo inicial que necessita de ser confirmado por estudos posteriores. Por exemplo, n&atilde;o consegui obter um n&uacute;mero de question&aacute;rios respondidos que me permitisse uma an&aacute;lise mais aprofundada, como definir um cut-off para a escala. Contudo, na minha tese apresento uma s&eacute;rie de estudos internacionais que corroboram os meus dados, ou seja, as atitudes dos profissionais de sa&uacute;de perante os problemas &eacute;ticos apontados parecem confirmar a ideia de que, nos CSP, os problemas &eacute;ticos s&atilde;o constitu&iacute;dos, de uma forma geral, por preocupa&ccedil;&otilde;es do dia-a-dia dos cuidados de sa&uacute;de e n&atilde;o por situa&ccedil;&otilde;es cr&iacute;ticas que requeiram solu&ccedil;&otilde;es ponderadas, como as enfrentadas no contexto hospitalar. Os meus dados tamb&eacute;m apontam para a responsabilidade &eacute;tica dos gestores da sa&uacute;de, uma vez que muitos dos problemas &eacute;ticos decorrem da estrutura&ccedil;&atilde;o dos servi&ccedil;os. Evidenciando, assim, que a excel&ecirc;ncia &eacute;tica e t&eacute;cnica da pr&aacute;tica dos profissionais de sa&uacute;de passam, obrigatoriamente, pelas pol&iacute;ticas p&uacute;blicas de sa&uacute;de e pelas condi&ccedil;&otilde;es organizacionais das institui&ccedil;&otilde;es e do sistema de sa&uacute;de em si. Normalmente, quando se fala em &eacute;tica m&eacute;dica, pensa-se em "grandes" temas como, por exemplo, a manipula&ccedil;&atilde;o gen&eacute;tica ou a eutan&aacute;sia. O seu trabalho incide em conceitos filos&oacute;ficos e &eacute;ticos que t&ecirc;m que estar, necessariamente, presentes na pr&aacute;tica di&aacute;ria. Trata-se, portanto, de uma abordagem um pouco diferente da habitual? Sim, como referi atr&aacute;s, os problemas &eacute;ticos nos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios s&atilde;o constitu&iacute;dos, de maneira geral, por preocupa&ccedil;&otilde;es do dia-a-dia dos cuidados de sa&uacute;de e n&atilde;o por situa&ccedil;&otilde;es cr&iacute;ticas e delem&aacute;ticas. Qual pensa que ser&aacute; a mais-valia do seu trabalho de investiga&ccedil;&atilde;o para a Medicina Familiar? Penso que o meu trabalho abriu uma &aacute;rea de investiga&ccedil;&atilde;o, j&aacute; que nele surgem v&aacute;rias quest&otilde;es a necessitar de confirma&ccedil;&atilde;o. Por outro lado, &eacute; o despertar da MGF para os problemas &eacute;ticos. Em termos pessoais, qual foi o momento mais dif&iacute;cil do processo que conduziu ao seu doutoramento? A investiga&ccedil;&atilde;o, a defesa da tese...? O mais dif&iacute;cil foi o trabalho de campo; a recolha dos question&aacute;rios. Tive que me deslocar pessoalmente &agrave; maioria dos centros de sa&uacute;de seleccionados para o estudo. Por&eacute;m, tive a ajuda de alguns directores dos CS. Quero aproveitar, para publicamente expressar o meu agradecimento aos directores (em 2007-2008) dos CS de Albergaria-a-Velha, &Aacute;gueda, Anadia, Cantanhede, Castelo Branco, Celorico da Beira, Coimbra - Norton de Matos, Coimbra - S&atilde;o Martinho do Bispo, Covilh&atilde;, Leiria - Gorj&atilde;o Henriques, Mealhada, Pombal e Viseu I, pelo empenhado apoio na distribui&ccedil;&atilde;o, recolha e devolu&ccedil;&atilde;o dos question&aacute;rios aos profissionais. A recolha dos dados decorreu entre Maio de 2007 e Abril de 2008. Foi um processo longo e que, apesar do esfor&ccedil;o dispendido, n&atilde;o me permitiu reunir o n&uacute;mero de question&aacute;rios que pretendia. O que sentiu quando se encontrou perante o j&uacute;ri? Como viveu esses momentos? Apesar da minha certeza de que, se cheguei ao momento de defesa da tese &eacute; porque o meu processo de doutoramento tinha decorrido bem, sem d&uacute;vida que foi um momento de alguma ansiedade face &agrave; incerteza se os coment&aacute;rios dos arguentes iriam ser positivos ou negativos; se as perguntas iriam ser gerais ou iriam incidir sobre aspectos muito particulares. Todavia, tinha a certeza de que tinha feito um trabalho s&eacute;rio e que estava preparado para o defender. Em termos profissionais e pessoais, o que representa a obten&ccedil;&atilde;o do doutoramento? Pessoalmente, representou a concretiza&ccedil;&atilde;o de um sonho. Em termos profissionais, significa continuar ligado ao ensino universit&aacute;rio. Quais s&atilde;o os pr&oacute;ximos passos? Quantos projectos? No imediato, manter a actividade docente deste ano lectivo e acompanhar a minha primeira aluna, que vai defender em Janeiro pr&oacute;ximo a sua disserta&ccedil;&atilde;o de mestrado, sob a minha orienta&ccedil;&atilde;o. Espero acompanhar o processo de prepara&ccedil;&atilde;o do pr&oacute;ximo curso de Medicina da Universidade de Aveiro, que est&aacute; previsto iniciar-se no ano lectivo de 2011/2012). Manter-me activo em termos de investiga&ccedil;&atilde;o, quer na Universidade de Aveiro, quer na USF Marqu&ecirc;s de Marialva, quer em parceria com outras institui&ccedil;&otilde;es e prosseguir a minha actividade cl&iacute;nica na USF, s&atilde;o outros dos meus projectos. E espero preparar-me para, daqui a alguns anos. conseguir obter a agrega&ccedil;&atilde;o. A MGF conta j&aacute; com um n&uacute;mero significativo de Doutores. H&aacute; raz&otilde;es para sermos optimistas no que se refere ao ensino pr&eacute;-graduado da Medicina Familiar. Nomeadamente, na Regi&atilde;o Centro? Salvo erro, somos doze a n&iacute;vel nacional, dos quais dois na regi&atilde;o Centro. Tenho esperan&ccedil;a que o Doutor Luiz Santiago venha a ser contratado pela Faculdade de Medicina de Coimbra, o que ser&aacute; uma mais-valia. E que as Escolas M&eacute;dicas propiciem condi&ccedil;&otilde;es para que mais m&eacute;dicos de fam&iacute;lia se possam nelas doutorar. Sem d&uacute;vida que, se mais m&eacute;dicos de fam&iacute;lia se doutorarem e se empenharem no ensino, isso ter&aacute; que ter reflexo no pr&eacute;-graduado de medicina, com uma vis&atilde;o diferente da medicina familiar por parte dos alunos. &Eacute;tica nos CSP: atitudes tornam-se mais firmes com a idade e a experi&ecirc;ncia Com o aumento da idade e do n&uacute;mero de anos de actividade, as atitudes &eacute;ticas dos profissionais de sa&uacute;de tornam-se mais firmes, &eacute; uma das conclus&otilde;es da investiga&ccedil;&atilde;o realizada por Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es e que culminou na defesa da tese para a obten&ccedil;&atilde;o do grau de Doutor em Ci&ecirc;ncias da Sa&uacute;de. Os dados revelam ainda que essas atitudes n&atilde;o s&atilde;o influenci&aacute;veis pela profiss&atilde;o (m&eacute;dico ou enfermeiro), nem pelo g&eacute;nero A investiga&ccedil;&atilde;o realizada por Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es visou identificar e comparar o quadro de atitudes &eacute;ticas, a partir das respostas de m&eacute;dicos e enfermeiros que trabalham em centros de sa&uacute;de, e os fundamentos que utilizam na justifica&ccedil;&atilde;o para a tomada de decis&atilde;o perante os problemas &eacute;ticos por eles vividos. Teve tamb&eacute;m a finalidade de explorar a interface da bio&eacute;tica com os cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios, com vista a aproxim&aacute;-la do dia-a-dia dos cuidados de sa&uacute;de O estudo, transversal quantitativo, envolveu 370 profissionais de sa&uacute;de - 180 m&eacute;dicos e 190 enfermeiros - da regi&atilde;o Centro. Os centros de sa&uacute;de foram ordenados alfabeticamente, por sub-regi&atilde;o de sa&uacute;de, seguindo-se o seu sorteio, por n&uacute;meros aleat&oacute;rios, at&eacute; perfazer 50% das unidades localizadas na &aacute;rea da Administra&ccedil;&atilde;o Regional de Sa&uacute;de do Centro, que conta com 936 m&eacute;dicos de fam&iacute;lia e 816 enfermeiros. Taxa de resposta alcan&ccedil;ou os 21% O question&aacute;rio utilizado no estudo era constitu&iacute;do por duas partes. A primeira incluiu seis quest&otilde;es sobre os aspectos s&oacute;cio-profissionais de caracteriza&ccedil;&atilde;o do inquirido: idade, g&eacute;nero, profiss&atilde;o, n&uacute;mero de anos de profiss&atilde;o, sub-regi&atilde;o e &aacute;rea de trabalho. A segunda parte incluiu uma escala, anteriormente constru&iacute;da e validada, para avaliar as atitudes &eacute;ticas dos profissionais de sa&uacute;de a tr&ecirc;s n&iacute;veis: nas rela&ccedil;&otilde;es com os pacientes e suas fam&iacute;lias, nas rela&ccedil;&otilde;es inter-profissionais e inter-pares e na gest&atilde;o/organiza&ccedil;&atilde;o do centro de sa&uacute;de/sistema de sa&uacute;de. Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es contactou os directores dos centros de sa&uacute;de seleccionados, pessoalmente ou pelo correio, pedindo-lhes colabora&ccedil;&atilde;o na distribui&ccedil;&atilde;o dos question&aacute;rios a todos os m&eacute;dicos de fam&iacute;lia e enfermeiros em servi&ccedil;o no seu CS, bem como na sua recolha e devolu&ccedil;&atilde;o. O investigador recebeu 370 question&aacute;rios devidamente preenchidos, o que representou uma taxa de resposta de 21%. A amostra em estudo ficou, assim, constitu&iacute;da por 272 de indiv&iacute;duos do sexo feminino (73,5%) e 98 do sexo masculino (26,5%). A m&eacute;dia de idades dos respondentes foi de 46,2 anos, registando-se o predom&iacute;nio dos grupos et&aacute;rios 50-59 anos (43,8%) e 40-49 anos (28,6%). Os grupos menos numerosos foram o dos 20-29 anos (3,2%) e dos 60-69 anos (2,2%). Por profiss&otilde;es, a m&eacute;dia de idades dos m&eacute;dicos situava-se em 51,1 anos e a dos enfermeiros em 41,5. Cerca de 17% pertenciam a centros de sa&uacute;de de Aveiro, 27,6% a Castelo Branco, 25,9% a Coimbra, 10,8% &agrave; Guarda, 8,1% a Viseu e 10,8% a Leiria. Quanto &agrave; &aacute;rea de trabalho, 180 indiv&iacute;duos trabalhavam em meio urbano (48,6%), 62 em meio rural (16,8%) e 128 em meio semi-rural/urbano (34,6%). Atitudes &eacute;ticas s&atilde;o mais fortes nas rela&ccedil;&otilde;es com os pacientes De acordo com as conclus&otilde;es da investiga&ccedil;&atilde;o, as atitudes &eacute;ticas dos profissionais de sa&uacute;de foram mais firmes na dimens&atilde;o A (problemas &eacute;ticos nas rela&ccedil;&otilde;es dos profissionais de sa&uacute;de com os pacientes e suas fam&iacute;lias) do que nas dimens&otilde;es B (problemas &eacute;ticos nas rela&ccedil;&otilde;es inter-profissionais e inter-pares) e C (problemas &eacute;ticos na gest&atilde;o/organiza&ccedil;&atilde;o do centro de sa&uacute;de/sistema de sa&uacute;de). Esta constata&ccedil;&atilde;o, segundo Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es, "est&aacute; de acordo com os resultados de outros estudos emp&iacute;ricos realizados com m&eacute;dicos e enfermeiros de diferentes pa&iacute;ses, tanto a n&iacute;vel hospitalar como em cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios, nos quais os profissionais de sa&uacute;de apontam os seus colegas ou os membros da outra categoria profissional como fonte de problemas &eacute;ticos, muitas vezes mais importantes que os pacientes e/ou as suas fam&iacute;lias". Outros estudos tamb&eacute;m referem como problemas frequentes nos CSP "a acessibilidade aos cuidados de sa&uacute;de, traduzida na demora no acesso a consultas e na transfer&ecirc;ncia/refer&ecirc;ncia do paciente para outros n&iacute;veis de cuidados". Idade e a experi&ecirc;ncia aumentam a firmeza de atitudes Os resultados da investiga&ccedil;&atilde;o realizada por Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es mostram que as atitudes &eacute;ticas dos profissionais de sa&uacute;de n&atilde;o s&atilde;o influenci&aacute;veis pela profiss&atilde;o (m&eacute;dico ou enfermeiro). "Apesar das diverg&ecirc;ncias existentes entre estas duas profiss&otilde;es, o ensino da bio&eacute;tica tender&aacute; a esbater progressivamente os diferentes backgrounds existentes na medicina e na enfermagem. Em larga medida porque, independentemente da corrente &eacute;tica predominante e das tradi&ccedil;&otilde;es profissionais envolvidas, o referencial axiol&oacute;gico da bio&eacute;tica &eacute; a eminente dignidade da pessoa humana e a sua responsabilidade substantiva para com os outros membros da comunidade moral, no quadro de uma verdadeira solidariedade ontol&oacute;gica", explica o m&eacute;dico de fam&iacute;lia. As conclus&otilde;es apontam ainda que, "&agrave; medida que aumenta a idade e o n&uacute;mero de anos de profiss&atilde;o", as atitudes &eacute;ticas dos profissionais de sa&uacute;de "tornam-se mais firmes". Nas rela&ccedil;&otilde;es com os pacientes e as fam&iacute;lias, essa firmeza &eacute; ainda maior nos profissionais que trabalham em zonas urbanas. Conclus&otilde;es apontam tamb&eacute;m para a responsabilidade dos gestores De acordo com Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es, "as atitudes dos profissionais de sa&uacute;de perante os problemas &eacute;ticos apontados parecem confirmar a ideia de que, nos CSP, os problemas &eacute;ticos s&atilde;o constitu&iacute;dos, de maneira geral, por preocupa&ccedil;&otilde;es do dia-a-dia dos cuidados de sa&uacute;de". Neste contexto, torna-se patente a responsabilidade &eacute;tica dos gestores da sa&uacute;de, "uma vez que muitos dos problemas &eacute;ticos decorrem da estrutura&ccedil;&atilde;o dos servi&ccedil;os". O m&eacute;dico de fam&iacute;lia faz notar que "o facto de os problemas &eacute;ticos nos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios n&atilde;o serem caracterizados por situa&ccedil;&otilde;es dilem&aacute;ticas merecedoras de destaque medi&aacute;tico, n&atilde;o significa que sejam de menor import&acirc;ncia, mas sim que os CSP, quando comparados com os hospitalares, lidam com factos e valores distintos e, por vezes, de maior amplitude e complexidade, ainda que de menor dramaticidade". Embora os problemas identificados no contexto dos CSP "pare&ccedil;am triviais, frente aos t&iacute;picos do hospital, e sejam subtis a ponto de passarem despercebidos, podem implicar, quando inadequadamente solucionados, consequ&ecirc;ncias negativas, por vezes desastrosas para os pacientes, para as suas fam&iacute;lias, para as rela&ccedil;&otilde;es com a equipa de sa&uacute;de e para a comunidade local". Por isso mesmo, o m&eacute;dico de fam&iacute;lia defende que "a actua&ccedil;&atilde;o dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios requer um redireccionamento, n&atilde;o s&oacute; da pr&aacute;tica cl&iacute;nica, mas tamb&eacute;m da an&aacute;lise &eacute;tica, desfocando-a do hospitalocentrismo e da alta especializa&ccedil;&atilde;o que marcam o sistema de sa&uacute;de e a forma&ccedil;&atilde;o dos profissionais, que tem levado a bio&eacute;tica a centrar-se nas situa&ccedil;&otilde;es limite, em detrimento das situa&ccedil;&otilde;es do dia-a-dia". A reorganiza&ccedil;&atilde;o dos CSP, atendendo &agrave; estrat&eacute;gia das unidades de sa&uacute;de familiar, "parece refor&ccedil;ar a necessidade de sensibilidade e compromisso &eacute;tico, uma vez que a sua efectiva&ccedil;&atilde;o n&atilde;o se deve resumir a uma nova configura&ccedil;&atilde;o da equipa t&eacute;cnico-assistencial ou da unidade prestadora de sa&uacute;de" mas a uma nova pr&aacute;tica, "marcada pela humaniza&ccedil;&atilde;o, pelo cuidado, pelo exerc&iacute;cio da cidadania e alicer&ccedil;ada na compreens&atilde;o de que as condi&ccedil;&otilde;es de vida definem o processo sa&uacute;de/doen&ccedil;a das fam&iacute;lias".

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