A medicina desportiva portuguesa vive um “momento de glória” a nível de protagonismo internacional, respeito e visibilidade, considera o médico João Espregueira Mendes, admitindo que ainda é possível fazer um trabalho melhor ao nível da prevenção de lesões.
“Nunca na nossa história tivemos tanto respeito e visibilidade e isso deve-se a um trabalho árduo iniciado há cerca de 20 anos”, disse à agência Lusa o médico, que sábado preside, no Porto, à 3ª edição das Jornadas Saúde Atlântica.
Espregueira Mendes, que durante dois anos presidiu à Sociedade Europeia de Traumatologia Desportiva, lembra que actualmente há vários especialistas portugueses envolvidos em organismos europeus e mundiais da medicina desportiva, e inúmeros estudos e livros publicados.
A 3ª edição das Jornadas Saúde Atlântica, que decorrerá na Clínica Dragão, no Porto, terá como tema “As lesões e os problemas mais frequentes do futebol. O que todos devem saber”, e é dirigida, segundo o médico, “a todos os que se interessam pelos problemas do futebol e não apenas a especialistas”.
Espregueira Mendes admite que a “entorse do tornozelo é a lesão mais comum entre os futebolistas”, mas acrescenta que a mais grave se verifica ao nível dos “ligamentos e da cartilagem do joelho”.
O médico ortopedista refere que as lesões têm diminuído substancialmente nos últimos anos, sobretudo devido à implementação de programas de prevenção que, no entanto, ainda podem ser melhorados.
“O programa de prevenção 11+, da FIFA, realizado duas vezes por semana e com uma duração entre 15 e 20 minutos, consegue diminuir em 50 por cento as lesões desportivas”, explica, garantindo que se o programa for bem aplicado em Portugal “haverá um grande impacto na prevenção de lesões desportivas”.
João Espregueira Mendes refere que em Portugal “praticamente todos as equipas de futebol profissional fazem programas de prevenção”, mas defende que estes devem ser alargados a universidades, escolas, ginásios e a todas as camadas jovens que praticam exercício regular.
“Se conseguíssemos fazer do 11+ um programa obrigatório aos nossos jovens era uma ajuda preciosa para diminuir o número de lesões. É apenas um problema de organização, porque o custo é zero”, explica.
O médico considera também que a evolução se tem verificado ao nível dos meios de diagnóstico, dando como exemplo o Porto Knee Testing Device, “um equipamento, inventado no Porto, que é colocado na ressonância magnética e que permite medir a lesão de um ligamento e perceber de que forma é esta causa instabilidade, o que evita um conjunto muito significativo de cirurgias”.
Durante o evento, que conta com a participação de médicos, comentadores desportivos, jogadores, entre outros, será apresentado o primeiro equipamento de fisioterapia sem gravidade, o Alter G, que, segundo o clínico, “permite acelerar substancialmente o processo de recuperação e retirar muitos dos riscos, sobretudo devido à ausência de carga”.
A 3ª edição das Jornadas Saúde Atlântica, que juntará mais de 650 participantes, ficará também marcada pelo lançamento mundial do livro The patello femoral joint – State of the art, que é, refere Espregueira Mendes, “a bíblia das lesões da rótula”.
“Trata-se de um livro encomendado pela Sociedade Mundial de Traumatologia desportiva, que é considerado uma bíblia, e que será distribuído, em Maio, a todos os médicos de medicina desportiva”, afirma.
Durante o encontro, que tem sido realizado anualmente, serão também transmitidas mensagens que não se centram exclusivamente na perspectiva dos médicos sobre problemas transversais à sociedade civil como o Ébola, a SIDA ou o risco de morte súbita no desporto.
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