Estudo Ey/Nova IMS: como aumentar a eficácia do planeamento estratégico nos hospitais?
DATA
18/11/2015 12:59:33
AUTOR
Jornal Médico
Estudo Ey/Nova IMS: como aumentar a eficácia do planeamento estratégico nos hospitais?

IMS
De acordo com os resultados de um estudo realizado pela EY e pela Nova IMS, em que participaram administradores, diretores e profissionais de saúde de todos os hospitais públicos e de um número considerável de instituições privadas, a resposta à questão que titula esta peça passa pelo próprio planeamento; pela promoção de uma visão global e integrada do sistema de saúde; pelo fortalecimento da cultura organizacional e; por uma melhor integração de cuidados e pelo reforço dos sistemas de informação.

Sustentado num questionário que incidiu sobre as dimensões de desempenho identificadas num modelo de determinantes, alicerçado na conjugação das teorias dos stakeholders (Freeman, 2002), da visão baseada nos recursos (Galbreath e Galvin, 2008) e na teoria da aprendizagem (Yang e Hsieh, 2007), o estudo teve ainda em conta a dimensão dos processos em resultado das conclusões de um focus group que incluiu peritos da área da saúde, desde médicos, administradores de hospitais, responsáveis das administrações de saúde a nível nacional e a nível regional e professores universitários. “Dentro desta dimensão foi considerado o conhecimento da organização em relação às metas inerentes ao processo de planeamento estratégico, nomeadamente o conhecimento generalizado dos objetivos bem como as metodologias existentes para acompanhamento da execução da estratégia ou os mecanismos de implementação de ações corretivas quando são detetados desvios face ao planeado”, lê-se no documento a que o nosso jornal teve acesso.

Os resultados do estudo, que contou com o apoio da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), revelam ainda que os “hospitais devem ter atenção a questões como a estrutura organizacional e a sua adequação à concretização do processo de planeamento”, e sublinham a importância de uma cultura do hospital adequada aos objetivos e de um alinhamento entre o conselho de administração e a gestão intermédia nas prioridades estratégicas a implementar.

O trabalho de investigação cujas conclusões foram divulgadas há dias resulta de um protocolo de colaboração entre a EY (ex-Ernst & Young), empresa líder global em auditoria, assessoria fiscal, assessoria de transações e assessoria de gestão, e a Nova IMS, a escola de gestão de informação da Universidade Nova de Lisboa, no âmbito da pós-graduação em Gestão de Informação e Business Intelligence na Saúde. Uma parceria que consubstancia, de acordo com João Alves, Country Managing Partner da EY, “o contributo da EY para a construção de um mundo melhor de negócios, no caso através da resposta ao como aumentar a eficácia do planeamento estratégico nos hospitais”. Uma visão partilhada por Pedro Simões Coelho, diretor da NOVA IMS para quem o estudo agora divulgado “conjuga a experiência, as competências e os recursos da NOVA IMS e da EY, visando identificar boas práticas de gestão nos hospitais portugueses, permitindo a sua disseminação e, por essa via, ajudando a construir um mundo melhor”.

Planear é essencial

A primeira das quatro grandes conclusões a que chegaram os investigadores, da análise das respostas ao questionário, foi a de que “existe a perceção de que o processo atual é extremamente burocrático e não está desenhado de forma a enquadrar-se no trabalho diário dos recursos envolvidos”. Do mesmo modo, surge consensual a ideia de que se deve promover o alinhamento dos objetivos estratégicos com os objetivos operacionais de cada organização e que existe uma necessidade evidente de implementação de metodologias de contratualização interna (em cascata) com os serviços e com os profissionais de modo a garantir um efetivo envolvimento de toda a organização.

Das respostas obtidas foi ainda possível concluir que “a dimensão do processo apresenta uma forte correlação para com a eficácia do Planeamento Estratégico e é 27 vezes superior a outras dimensões avaliadas. Desta forma um processo estruturado e participado pela organização aos diferentes níveis de gestão, com objetivos e metas claras e do conhecimento de todos os colaboradores é fundamental para contribuir para a eficácia do planeamento estratégico num Hospital”, lê-se no documento.

Uma visão global e integrada do sistema de saúde

“É fundamental uma visão global e integrada do sistema de saúde, que garanta uma adequada intervenção no mesmo, que clarifique as competências nos diferentes organismos que integram o Serviço Nacional de Saúde e que aprofunde o modelo de financiamento das unidades hospitalares, funcionando como instrumento indutor de boas práticas e da melhoria do desempenho em todo o sistema de saúde”, conclui-se no estudo. Boas práticas, aponta-se no documento, “que podem ser encontradas por via de benchmarking hospitalar de forma a garantir maior transparência na informação disponibilizada e para melhor conhecimento dos desempenhos relativos das organizações”.

De uma análise mais “granular” dos resultados do questionário e dos workshops efetuados no âmbito do estudo, foi ainda possível constatar que “existem oportunidades melhoria ao nível da articulação entre as várias entidades envolvidas na definição de políticas e no processo de planeamento estratégico e no que se refere ao modelo de delegação de competências interna às organizações”

Uma cultura organizacional forte

A segunda grande conclusão a que foi possível chegar através da análise das respostas obtidas foi a de que “a estrutura organizacional e operacional deve ser adequada à concretização dos objetivos e metas definidos, sendo necessárias competências e formação técnica necessárias à implementação dos objetivos fixados para cada momento e existir uma cultura de gestão por objetivos que permita uma melhor adesão dos colaboradores à implementação da estratégia da organização”.

Mais: segundo os autores, “análises quantitativas presentes neste estudo, revelam que a dimensão associada a temas relacionados com a cultura organizacional, políticas e motivação dos intervenientes é o fator com maior correlação com a eficácia do planeamento estratégico”, com uma capacidade explicativa 30% superior à dimensão processo que de acordo com os resultados obtidos revelou ser o segundo fator com maior poder explicativo.

Uma melhor integração de cuidados

Consensual foi também a perceção de os sistemas de informação e as ferramentas de gestão de informação “são um fator de elevada importância no suporte ao processo e que devem facilitar e potenciar a implementação de metodologias de planeamento estratégico e de controlo de gestão”. Nesta área, lê-se no documento, “foi identificado como crítico para a eficácia do processo a partilha de ferramentas e aplicações informáticas por toda a rede hospitalar, que garantam a qualidade, fidelidade e transparência da informação. Sendo que para isso é necessário que as ferramentas permitam aplicação a todas as áreas clínicas e não clínicas, consideração das especificidades dos processos e de quem os gere e referência temporal adequada à urgência das medidas corretivas”.

Reforçar os sistemas de informação

Finalmente, os resultados do estudo mostram que os sistemas de informação e as ferramentas de gestão de informação assumem elevada importância no suporte ao processo e que devem facilitar e potenciar a implementação de metodologias de planeamento estratégico e de controlo de gestão. Segundo os autores, foi mesmo “identificado como crítico para a eficácia do processo a partilha de ferramentas e aplicações informáticas por toda a rede hospitalar, que garantam a qualidade, fidelidade e transparência da informação. Sendo que para isso é necessário que as ferramentas permitam aplicação a todas as áreas clínicas e não clínicas, consideração das especificidades dos processos e de quem os gere e referência temporal adequada à urgência das medidas corretivas”, conclui o estudo.

A manhã de trabalhos na Auditório da Reitoria da Universidade Nova de Universidade de Lisboa foi preenchida por um debate onde participaram Marta Temido, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares; Artur Vaz, administrador executivo da sociedade gestora do Hospital Beatriz Ângelo; Sofia Fernandes, diretora de planeamento e controlo da José de Mello Saúde; Ricardo Baptista Leita, médico e membro da anterior Comissão Parlamentar de Saúde.

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Editorial | Luís Monteiro, membro da Direção Nacional da APMGF
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