O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, afirmou estar a repensar e olhar para a saúde no Algarve com muita atenção, cuidado e ponderação e a estudar vários cenários, sem especificar quais.
“Sobre o Centro Hospitalar do Algarve (CHA) nada de novo, vejo que há umas notícias que têm caráter especulativo. O que vai acontecer é que a curto prazo será identificada e encontrada uma nova equipa para o centro hospitalar que fará o seu trabalho no seu espaço e tempo, tudo o resto são cenários que estão a ser estudados e que decorrem da circunstância de estarmos a repensar e a olhar para o Algarve com muita atenção, cuidado e ponderação”, disse, à margem da apresentação do novo Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João, no Porto.
O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve afirmou ontem desconhecer que esteja a ser preparada a dissolução do CHA e a criação de duas Unidades Locais de Saúde.
"A única coisa que a tutela me pediu neste momento foi para fazer um trabalho sobre os constrangimentos e as soluções em relação à saúde no Algarve", afirmou João Moura Reis, sublinhando que "nada foi orientado no sentido de dizer que haveria um novo figurino".
Contactada pela Lusa, fonte do Ministério da Saúde não confirmou a intenção de dissolução do CHA e a sua substituição por duas Unidades Locais de Saúde (ULS), ontem noticiada pelo jornal Público, limitando-se a dizer que "está em curso um estudo sobre a reorganização do Serviço Nacional de Saúde" no Algarve.
O presidente da ARS/Algarve adiantou que foi entregue ao ministro da Saúde, no início do mês, um relatório com o levantamento dos principais problemas e possíveis soluções na área dos cuidados de saúde, mas sublinhou não ter tido qualquer orientação no sentido de criação de novas entidades.
"Nada foi orientado no sentido de dizer que haveria um novo figurino em termos de criação de novas entidades ou outro tipo de circunstâncias que não fosse formar-se um novo Conselho [de Administração] para o CHA e manter aquilo que existe", declarou.
Admitindo que, no futuro, possam vir a ser analisadas "outro tipo de figuras", João Moura Reis alertou para a necessidade de qualquer reorganização do sistema de saúde no Algarve ter que ser "muito bem planeada e analisada".
A alegada extinção do CHA, criado em 2013 e que agrega os hospitais de Faro, Portimão e Lagos, suscitou uma carta aberta ao ministro da Saúde, redigida por um diretor de serviço do centro hospitalar e publicada nas redes sociais.
Segundo a missiva, assinada por Horácio Guerreiro, a avançar, esta solução "pode satisfazer as estruturas políticas dos partidos governantes", mas "empobrece a saúde na região e conduzirá à desvalorização do Algarve como entidade regional com peso político".
O presidente da Ordem dos Médicos do Algarve defende que deve ser equacionado um novo modelo de fusão dos hospitais algarvios, mas considera que, no imediato, deve manter-se o Centro Hospitalar do Algarve (CHA).
De acordo com Ulisses Brito, a fusão dos hospitais de Faro, Portimão e Lagos - que em 2013 originou o Centro Hospitalar do Algarve (CHA) -, foi "mal feita" pela atual administração, pelo que devem ser equacionados outros modelos de gestão, que mantenham, como agora, apenas um conselho de administração e a realização de compras em conjunto.
"Não significa que o atual modelo seja mau, devem é ser revertidas algumas coisas e verificado o que é melhor para os doentes, se o processo de fusão é vantajoso ou não e quais são as suas potencialidades", referiu o presidente do Conselho Distrital da Ordem dos Médicos, observando que uma possível reorganização do sistema hospitalar deve ser antecedida de uma profunda reflexão.
O dirigente regional da Ordem dos Médicos considera que a criação do CHA conduziu à desestruturação de alguns serviços hospitalares, criando, igualmente, constrangimentos aos profissionais de saúde, que se viram obrigados a fazer deslocações entre hospitais, o que se traduz numa perda de tempo e num aumento desnecessário de custos.
Já o presidente cessante do conselho de administração do CHA defendeu que foi a sua criação "que permitiu nunca mais haver problemas nas urgências do Algarve” ou colmatar situações de insuficiência de equipamentos, produtos ou pessoas, uma vez que há unidades maiores a apoiar as mais pequenas, onde "naturalmente" haveria dificuldades.
“Isto é possível porque existe um Centro Hospitalar com muitos profissionais, que cobre as dificuldades que podem acontecer em cada ponto da região”, considerou Pedro Nunes, frisando que desde que o CHA passou a tutelar os serviços de urgência básica, "nunca mais houve uma falta de um médico que não fosse imediatamente colmatada".
Em declarações à Lusa, aquele responsável disse não querer comentar a eventual intenção de dissolver o Centro Hospitalar e criar duas ULS, por dever “solidariedade” ao Governo e, por isso, só quando deixar as funções, “dentro de uns 15 dias”, se poderá pronunciar sobre a matéria.
“Enquanto presidente do conselho de administração do CHA, e enquanto o for, considero que devo solidariedade para com o Governo, para com qualquer governo que esteja em funções, e portanto não devo opinar politicamente sobre decisões de política tomadas por este governo”, concluiu.
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