Tirania do tempo conduz a “McDonaldização da medicina”, afirmou bastonário
DATA
13/07/2016 12:59:15
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Jornal Médico
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Tirania do tempo conduz a “McDonaldização da medicina”, afirmou bastonário

Relógio - 01

O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, afirmou ontem que a falta de tempo de que os médicos dispõem para dedicar aos doentes conduz os cuidados de saúde à desumanização, sob ameaça de uma  “McDonaldização da medicina”.

As declarações surgem na conferência “A relação médico-doente, Património da Humanidade”, realizada no âmbito do encerramento das comemorações dos 25 anos de ensino de Medicina Geral e Familiar na Universidade de Coimbra, evento que contou com a presença do coordenador daquela unidade curricular, Hernâni Carriço.

Nas suas palavras, “é preciso que o doente se sinta respeitado pelo médico, que esteja a ouvir e não a olhar para o relógio”. Baseando-se na importância do tempo, José Manuel Silva defendeu a necessidade de estimular “os médicos a passarem mais tempo com os doentes”, promovendo este tipo de relações mais empáticas nas próprias escolas.

Considerou ainda que esta relação primordial se encontra, atualmente, ameaçada pela “McDonaldização da medicina”, em que os médicos se transformam em “vendedores de [produtos] de McDonald’s”, fruto da necessidade “de responder rápida e produtivamente à necessidade dos consumidores”. “Temos de combater essa despersonalização”, defendeu.

Para o bastonário, a falta de financiamento do Serviço Nacional de Saúde não pode ameaçar a “perspetiva pública da saúde”, urgindo “colocar o doente no centro do sistema”. “Só conseguimos bons resultados com tempo e a sociedade não está a dar tempo porque o tempo tem custos”, advertiu, acrescentando que a sensação de impotência vivida pelos médicos, juntamente com a referida falta de tempo, poderá ser “um dos fatores de desgaste e exaustão”, comprometendo a sociedade.

Já no passado dia 2 de junho foi revelada a preparação de um projeto de candidatura à classificação da relação entre médico-doente como bem imaterial da Humanidade pela UNESCO, processo no qual estão envolvidas diversas organizações médicas, de entre as quais a portuguesa.

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Editorial | Luís Monteiro, membro da Direção Nacional da APMGF
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