Jornal Médico - Prevenir as doenças reumáticas, em cada etapa da vida

As doenças reumáticas afetam mais de metade da população portuguesa. E são a principal razão de incapacidade física ou ausência do trabalho, afetando a vida de muitas mulheres. São, sobretudo, as mais jovens, quem padece das doenças mais inflamatórias. Enquanto as musculoesqueléticas são as que mais afligem as mulheres maduras. Contudo, há comportamentos e modos de vida que protegem destas patologias. É sobre este assunto nos fala a reumatologista Helena Canhão, em “A Saúde das Mulheres em Portugal”, o podcast lançado pela Hologic. Começa por ser uma dor muscular, ou uma dor no tendão ou numa articulação, à qual não se dá importância. Mas sem diagnóstico e acompanhamento médico adequado, e com o avançar do tempo, estas dores tornam-se crónicas, levando à incapacidade e, em algumas situações, à perda de autonomia. A presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, Helena Canhão, esclarece todas as implicações na “saúde física, musculoesquelética e saúde mental”, das designadas doenças reumáticas. E que doenças reumáticas afetam mais as mulheres? A resposta divide-se conforme a etapa biológica da vida da mulher. Nas mulheres jovens, e em período fértil manifestam-se, sobretudo, “outras mais inflamatórias como o lúpus e a artrite reumatoide”, que causam “um impacto grande na vida do dia a dia”, refere a reumatologista. No outro extremo, “com o avançar da idade, doenças como a osteoporose e artrose ou osteoartrose – a artrose da anca, do joelho, da coluna – aumentam de prevalência”, alerta Helena Canhão. E porque são estas doenças tão prevalentes nas mulheres? A resposta está nas hormonas, explica a especialista: “Sabemos que o facto de termos hormonas específicas nossas, os estrogénios, têm uma relação muito íntima com o sistema musculoesquelético, que está implicado nas doenças reumáticas”. Pensando nas mulheres que começam a atingir a fase da menopausa, Helena Canhão adverte para o problema das fraturas, devido à perda de densidade óssea. Aqui a prevenção reside na nutrição e no exercício físico. Como diz, importa ter “uma nutrição saudável e ter massa muscular que seja um alavanque para uma maior densidade óssea e num osso mais saudável”, chamando a atenção para os distúrbios alimentares, como a anorexia, mas também a obesidade. “A anorexia, sem dúvida, que causa osteoporose e mais fraturas. E a obesidade se estiver associada a um estado inflamatório não protege da osteoporose. O que interessa é ter um osso saudável, associado a mais massa muscular e fibras musculares, e, portanto, também melhor massa óssea”. E como evitar as doenças reumáticas? Tudo começa na chamada prevenção primária, ou seja, evitar adoecer, graças à adoção de um estilo de vida saudável, que inclui “do ponto de vista cognitivo, uma boa saúde mental, porque isso também nos ajuda a tolerar a dor e, até, persistir no exercício físico”, esclarece Helena Canhão. Mas, nos casos em que já existe doença reumática, é preciso prevenir as recaídas. “E a isto nós chamamos prevenção secundária”, atenta a reumatologista. Para manter a doença controlada, é fundamental, a adesão terapêutica, ou seja, seguir o tratamento como foi prescrito. E para “evitar crises constantes, é fundamental uma prevenção a longo prazo”, sendo neste campo relevante a designada reabilitação. “E a isso chamamos de prevenção terciária”. Resumindo: “A prevenção secundária é ter doença e evitar a recorrência, a prevenção terciária é lidar com as sequelas e reabilitar. Tudo isto é fundamental para promovermos a saúde em geral”, remata Helena Canhão. Disponível para profissionais da área da Saúde e população em geral, assista ao quinto episódio do podcast “A Saúde das Mulheres em Portugal”. Disponível em:

Terceiro espaço

Mais lidas